Trabalhadores afirmam enfrentar riscos frequentes de acidentes e condições insalubres no exercício de suas funções

O impasse entre os trabalhadores da limpeza urbana e a empresa Solurb, responsável pelo serviço em Campo Grande, pode comprometer a rotina de coleta e prejudicar a limpeza da cidade. Sem acordo até o momento, a categoria reclama da desvalorização profissional, mesmo diante da importância do serviço para a manutenção da Capital.
A proposta mais recente da empresa prevê um reajuste salarial de 7%, valor considerado insuficiente pelos trabalhadores, que reivindicam um aumento de 15%, além de melhorias nas condições de trabalho. O percentual foi definido com base em um levantamento interno feito pelo sindicato junto à categoria.
Exposição e condições de trabalho insalubres
Ton Jean Ramalho, presidente do STEAC/MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação de Mato Grosso do Sul), explica que as negociações começaram em junho, mês da data-base da categoria. A Solurb iniciou com uma proposta de 6%, elevando para 7% após uma segunda rodada de conversas. Ainda assim, a categoria rejeitou a proposta em assembleia.
“O valor apresentado não atende às demandas da categoria, que enfrenta jornadas pesadas, riscos constantes de acidentes e exposição a condições insalubres diariamente”, justificou Ramalho.
Segundo ele, a manutenção do pedido de 15% considera a realidade vivida pelos profissionais, que percorrem longas distâncias nos caminhões de coleta e lidam com situações adversas.
“Já tivemos caso de trabalhador que perdeu a perna. Muitos se ferem com vidro mal descartado, lixo hospitalar, e há ainda lesões recorrentes de coluna. É uma profissão extremamente exposta e pouco reconhecida”, lamentou.
Atualmente, mais de mil colaboradores atuam no serviço de limpeza urbana de Campo Grande, entre coletores de lixo, motoristas, porteiros, serventes de aterro sanitário e profissionais de varrição, capina e conservação.
O sindicato também acompanha a tramitação do Projeto de Lei 4.146/2020 no Congresso Nacional. O PL prevê a regulamentação da profissão de trabalhador da limpeza urbana como essencial. A proposta estabelece piso salarial de dois salários mínimos (cerca de R$ 3 mil), jornada semanal de 40 horas e adicional de insalubridade em grau máximo. Atualmente, o salário médio dos coletores da Solurb gira em torno de R$ 1.518, valor inferior ao previsto no PL.
“O projeto representa uma medida de justiça para trabalhadores expostos diariamente a condições degradantes”, pontua o texto da proposta legislativa.
Apesar do impasse nas negociações, o sindicato garante que os direitos da categoria estão assegurados. “Qualquer reajuste acordado será retroativo a junho, respeitando a data-base”, diz Ton.
Há risco de paralisação da coleta?
Questionado sobre uma possível interrupção dos serviços, o sindicato informou que, a princípio, não há previsão de paralisação. No entanto, caso a categoria delibere por greve em assembleia, o procedimento seguirá todos os trâmites legais. Isso inclui aviso prévio de 72 horas e protocolo nos órgãos competentes, a fim de minimizar os impactos à população.
Agora, os trabalhadores aguardam uma nova proposta da empresa. Caso não haja avanço, uma nova assembleia será convocada para decidir os próximos passos. Nela os trabalhadores devem discutir a possibilidade de aceitar a oferta atual ou ingressar com pedido de dissídio coletivo.
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