Dracco apreendeu ontem jovem de Campo Grande apontado como um dos líderes de grupo que promovia desafios envolvendo violência na internet.

Um adolescente de 14 anos de Campo Grande – que já era investigado por fazer parte de um grupo que promovia desafios na internet para outros jovens envolvendo violência física e automutilação – foi apreendido ontem e levado para a Unidade Educacional de Internação (Unei) Dom Bosco.
Segundo as investigações, ele teria participado do desafio que queimou uma pessoa em situação de rua enquanto ela dormia, no Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, titular do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), que cumpriu o mandado de apreensão do adolescente em Campo Grande, os materiais coletados na primeira fase da Operação Adolescência Segura – deflagrada em 15 de abril – foram decisivos para que o jovem fosse identificado como parte principal desse grupo.
“Tudo o que apreendemos na primeira fase confirmou o que estava sendo investigado, de que ele estava dentro desse núcleo que promovia esses desafios e que tinha poder de decisão”, contou a delegada.
Segundo Ana Cláudia, o adolescente já havia mudado de endereço, mas continuava na Capital. As investigações apontaram, inclusive, que ele teria tido ligação com o ataque ocorrido em fevereiro, quando uma pessoa em situação de rua foi atacada com coquetel molotov e teve 70% do corpo queimado.
“Ele teve a ciência do morador de rua e inclusive tinha participação do ataque, estando on-line quando aconteceu”, declarou Ana Cláudia.
Conforme a delegada, o jovem entrou no grupo como todos os outros e foi aliciado a fazer tarefas. À medida que elas foram realizadas por ele, acabou galgando mais espaço no grupo, até se tornar um dos líderes do coletivo e criar alguns dos desafios que eram impostos a outros adolescentes.
As investigações foram comandadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e começaram a partir da tentativa de homicídio dessa pessoa em situação de rua. Esse caso resultou na apreensão do adolescente que realizou o ataque e na prisão de um jovem, maior de idade, que filmou o ocorrido.
Foi a partir da prisão desses envolvidos que a investigação chegou até esse grupo que promovia os desafios na internet.
De acordo com os investigadores, o grupo realizava desafios e competições virtuais, sempre de crimes de ódio, como estupros virtuais, automutilação, agressões a outras pessoas, apologia ao nazismo e maus-tratos a animais.
A organização fazia manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar. Os envolvidos coagiam as vítimas a cometer atos de extrema violência. Em alguns ocorridos, havia invasões em dispositivos eletrônicos e roubo de dados e imagens, usados para ameaçar as vítimas.
Os investigados devem responder por crimes como tentativa de homicídio, induzimento e instigação ao suicídio e à automutilação, estupro virtual de vulnerável, produção e divulgação de material de exploração sexual infantil, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo, invasão de dispositivos de informática e crimes de ódio em geral.
SEGUNDA FASE
Já na segunda fase da Operação Adolescência Segura foram apreendidos cinco adolescentes, além do jovem de Campo Grande. Ainda, foram alvos adolescentes de Minas Gerais, do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo.
Além das internações provisórias, também foi cumprido um mandado de busca e apreensão – todos os mandados foram expedidos pela Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro.
Fora os policiais civis de Mato Grosso do Sul e de outros estados, a operação também contou com o apoio da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) da Secretaria Nacional de Segurança (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O titular do Diopi, Rodney da Silva, afirmou que as investigações continuam para a identificação de novos integrantes em ambientes digitais ligados à organização.
Na primeira fase, os agentes policiais visaram desmontar servidores de plataformas digitais que promoviam esses desafios de violência, automutilação coletiva, estupro virtual e crimes de ódio.
Saiba
Para promover esses desafios on-line, o grupo alvo da Operação Adolescência Segura utilizava o servidor
da plataforma Discord, a qual transmitiu ao vivo o ataque ao morador de rua do Rio de Janeiro (RJ), e também o aplicativo de mensagens Telegram.
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