VIDEO: Presos editam vídeo e chamam treinamento dos agentes de tortura

Mais um vídeo supostamente divulgado por internos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande circula pelo WhatsApp. Desta vez, o detento fez montagem e edição, divulgando imagens de lesões e machucados que ele afirma terem ocorrido durante o treinamento do grupo especial de agentes penitenciários, mas tudo é desmentido pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária) e Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) do Estado.

No vídeo, o preso relata que o treinamento ocorrido no dia 13, ação em que foi feita vistoria no Pavilhão II da Máxima, foi uma ação truculenta em que houve tortura. Conforme o detento que faz a narração durante o vídeo, os agentes “invadiram como se tivesse rebelião ou alguma resistência dos internos, soltando bombas, dando tiros e com muito gás de pimenta”. Segundo o presidente do Sinsap, André Luiz Santiago, no dia apenas os agentes da Dpoe (Diretoria Penitenciária de Operações Especiais) de Brasília, que ministravam o curso, estavam armados.

Ainda conforme o sindicato, foi feito uso de bomba de efeito moral por conta da tentativa de motim em outro pavilhão do presídio e, também por isso, a ação durou até a madrugada, fato relatado pelo preso no vídeo que afirma que a ação só terminou após a chegada da imprensa. Segundo Santiago, os internos de outro pavilhão teriam tentado iniciar um motim e precisaram ser contidos, o que acabou prolongando a operação de treinamento. De acordo com o sindicato, qualquer agente que possa ter cometido algum tipo de abuso deve sim ser investigado e passar por processo administrativo necessário.

Conforme o Sinsap, as imagens divulgadas no vídeo não condizem com o dia do treinamento e em algumas partes são usadas imagens de presídios de outros estados e também de ações que não envolvem agentes penitenciários. O sindicato ainda revela que, no dia, os presos chegaram a jogar água quente e pedras e também queimaram colchões na intenção de ferir os servidores. “Houve até registro de boletim de ocorrência por conta disso”, afirma o presidente Santiago.

As recentes movimentações na Máxima e os últimos fatos, além das ameaças que os agentes afirmam estarem sofrendo por parte dos presos dão indicativo de que pode haver nova rebelião, sendo que a última registrada no presídio foi há aproximadamente 10 anos, em maio 2006. Enquanto isso, os agentes penitenciários do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, e do PED (Presídio Estadual de Dourados) seguem com as atividades de rotina paralisadas.

De acordo com o sindicato, até o momento não houve intenção do governo de dar qualquer resposta aos servidores, que trabalham com medo e falta de segurança. Se não houver acordo, os servidores devem entrar em greve a partir do dia 2 de maio, podendo atingir também policiais civis e militares de Mato Grosso do Sul.