Transexuais e quilombolas também serão contemplados na pós-graduação.

UEMS aprova cotas para negros, travestis, indígenas e deficientes

A Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação (CPPG), do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), aprovou a resolução que prevê cotas na pós-graduação, lato e stricto sensu, pela política de ações afirmativas para pessoas negras (pretas ou pardas), indígenas, quilombolas, com deficiência, travestis e transexuais.

Durante a reunião, que ocorreu no dia 28 de agosto, os membros da Câmara aprovaram que os cursos e programas de pós-graduação da UEMS, que optarem pelas cotas, poderão destinar: 20% das vagas para candidatos/as negros/as; 10% para indígenas; 5% para candidatos/as com deficiência; 5% de sobrevagas para candidatos/as quilombolas; e 5% de sobrevagas para candidatos/as transexuais e travestis.

A resolução ainda será encaminhada para discussão e votação do CEPE. A próxima reunião do Conselho está marcada para o dia 31 de outubro.

Para a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UEMS, Luciana Ferreira da Silva, a aprovação da resolução, ainda que de forma facultativa, representa um grande avanço para a Universidade. "E só foi possível graças a uma discussão intensa e do apoio dos nossos pesquisadores que trabalham nesta temática e que dedicam a vida na missão da inclusão. Sem dúvida, agora os nossos encaminhamentos são para reestruturar o Programa Institucional de Apoio a Pós-graduação (PIBAP), para garantir para garantir nessa resolução cotas de bolsas para essas ações afirmativas na pós-graduação", destacou.

De acordo com a professora, Maria José de Jesus Alves Cordeiro, coordenadora do Centro de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (Cepegre), a discussão já havia entrado em pauta em 2016, mas não foi aceita.

"Desta vez nós não recebemos falas de embates, mas falas de querer entender. Fizemos os esclarecimentos e assim acabamos demonstrando que abrir cotas na pós-graduação não fere mérito, não causa prejuízo para ninguém, pelo contrário dá uma visibilidade maior para a Universidade e aos cursos que adotarem".

A professora também ressalta que as pessoas que entrarem na pós-graduação pelo sistema de cotas vão acrescentar ao Programa. "Pois hoje a maioria das pesquisas no Brasil sobre negros, quilombolas, indígenas e etc são de pessoas que nunca viveram com essas pessoas, que não as conhecem, mas que escrevem sobre outro. A UEMS só ganhou com isso, mesmo que não preenchamos todas as vagas, mas vai estar lá a possibilidade de abertura. Nós vamos estar dando o acesso, possibilitando, convidando", enfatizou a coordenadora do Cepegre.

Cotas na UEMS

Na graduação, a UEMS é a primeira e única universidade do Brasil a reservar 10% das vagas de todos os cursos para indígenas e a segunda a designar 20% das vagas para negros.

Mato Grosso do Sul é o único estado que conta com uma lei (2.065/2003), que garante o acesso dos indígenas na educação pública superior. Com a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, a UEMS passou a receber não só indígenas de MS, mas também outros Estados, principalmente do Amazonas, da região Nordeste e do Mato Grosso, hoje a Universidade tem a representação de cerca de 20 etnias.

Com o impacto das Ações Afirmações, a UEMS já foi premiada duas vezes como o prêmio nacional "Camélia da Liberdade", que premia instituições que têm políticas de inclusão.