O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu às tropas russas que fujam para salvar suas vidas.

Ucrânia inicia 1ª contraofensiva na guerra e Zelensky alerta tropas russas: ‘Se querem sobreviver, é hora de fugirem’
Soldado russo disparando um míssil guiado antitanque portátil 'Kornet' durante lutas. / Foto: EFE/EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS

Após seis meses de conflito, as tropas ucranianas, reforçadas por novos fornecimentos de auxílio militar do Ocidente, iniciaram uma contraofensiva para retomar território invadido pela Rússia no sul do país, informou o Comando Militar do Sul da Ucrânia, na segunda-feira, 29. “Hoje começamos ações ofensivas em várias direções, inclusive na região de Kherson”, disse a porta-voz do comando do sul Natalia Humeniuk, segundo a emissora pública ucraniana Suspilne. Nesta terça-feira, 30, o governo de Kherson reportou que combates violentos entre as forças ucranianas e o exército russo foram registrados em quase toda a região. “Durante todo o dia e toda a noite foram registradas explosões potentes na região de Kherson”, afirmou a presidência em um comunicado divulgado, acrescentando que a Ucrânia iniciou “ações ofensivas em várias direções” e destruiu alguns “depósitos de munições e de todas as grandes pontes” que permitiam aos veículos atravessar o rio Dniepr.

Diante dos ataques, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu às tropas russas que fujam para salvar suas vidas. “Se querem sobreviver, é hora de os militares russos fugirem. Vão para casa”, disse ele. “A Ucrânia está recuperando sua própria (terra)”, declarou Zelensky, acrescentando que não divulgaria os planos de batalha precisos de Kiev, mas que as Forças Armadas estavam fazendo seu trabalho. A ofensiva acontece após semanas de relativa estagnação na guerra. O conflito assentou e se tornou uma guerra de exaustão, principalmente nas regiões sul e leste do país, marcada por bombardeios de artilharia e ataques aéreos. Natalia Humeniuk disse que os recentes ataques da Ucrânia nas rotas logísticas do sul da Rússia “inquestionavelmente enfraqueceram o inimigo”. No entanto, ela se recusou a dar mais detalhes sobre a nova ofensiva. “Qualquer operação militar precisa de silêncio”, disse ela, acrescentando que as forças da Rússia no sul são “bastante poderosas” e foram construídas ao longo do tempo.

A Ucrânia tem utilizado armamentos sofisticados, fornecidos pelo Ocidente, para atingir depósitos de munição e rotas logísticas da Rússia. Kherson é uma região estratégica e essencial para a agricultura ucraniana. O local também faz fronteira com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em março de 2014 e usada como base para a invasão. Oleksiy Arestovych, conselheiro presidencial ucraniano de alto escalão, disse que as defesas russas na região de Kherson foram “rompidas em poucas horas”. Não ficou claro a qual linha de defesa russa ele estava se referindo. O Reino Unido, um aliado próximo da Ucrânia, afirmou nesta terça-feira que Kiev intensificou sua barragem de artilharia em toda a frente sul, mas disse que ainda não é possível confirmar a extensão dos avanços territoriais ucranianos. Contudo, o Ministério da Defesa russo confirmou a ofensiva do Exército ucraniano contra as regiões do sul que fazem fronteira com a Crimeia, um avanço no qual supostamente morreram mais de 500 soldados ucranianos. “Como resultado da defesa ativa das forças russas, as unidades do Exército ucraniano sofreram baixas pesadas. As perdas do inimigo chegaram a mais de 560 soldados”, disse o porta-voz da Defesa russo, general Igor Konashenkov, no tradicional relatório noturno.

Konashenkov detalhou que a ofensiva ocorreu em três direções e se concentrou nas áreas ocupadas pelas tropas russas nas regiões de Kherson e Mykolaiv. “Durante os combates foram destruídos 26 tanques ucranianos, 23 veículos de infantaria e nove veículos blindados de outras classes. Dois caças Su-25 também foram abatidos”, explicou. Segundo o militar, a nova ofensiva ucraniana, a qual disse ter sido ordenada pelo presidente Zelensky, fracassou miseravelmente. Vitaly Kim, governador da região de Mykolaiv, disse à TV ucraniana: “Um intenso combate está acontecendo. Nossos militares estão trabalhando sem parar. A libertação da região de Kherson está chegando em breve”. A agência de notícias russa RIA informou que a cidade de Nova Kakhovka, controlada pela Rússia, ficou sem água e energia após um ataque com mísseis ucranianos. A Reuters não pôde verificar os relatos do campo de batalha.