As forças de Moscou bombardearam o país vizinho com ao menos 48 mísseis e 470 drones de vários tipos, afetando também a distribuição de energia elétrica em diversas regiões.
Ao menos 20 pessoas morreram, incluindo duas crianças, e 66 ficaram feridas em Ternopil, no oeste da Ucrânia, devido a um novo ataque massivo russo nesta quarta-feira.
De acordo com as autoridades de Kiev, as forças de Moscou bombardearam o país vizinho com ao menos 48 mísseis e 470 drones de vários tipos, afetando também a distribuição de energia elétrica em diversas regiões.
“Assim que a situação de segurança permitir, as equipes de resposta a emergências e as operadoras de energia começarão a eliminar as consequências do ataque, a fim de restabelecer o fornecimento elétrico às regiões o mais rápido possível”, informou o Ministério da Energia ucraniano em meio ao confronto.
Do lado do Kremlin, o porta-voz Dmitry Peskov justificou os ataques de hoje como uma “resposta” às tentativas de Kiev de realizar uma ofensiva contra a Rússia com armas ocidentais.
– Estamos dando continuidade à operação militar especial. Nossas Forças Armadas têm combatido as tentativas do regime ucraniano de lançar ataques com armamento ocidental, neste caso americano, de alta precisão” contra Moscou – declarou Peskov.
Ainda nesta quarta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky irá participar de uma cúpula na Turquia com seu homólogo local, Recep Tayyip Erdogan, e, possivelmente, com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, sobre a guerra no leste europeu, a qual teve início em fevereiro de 2022 com a invasão de tropas russas em território ucraniano.
Ucrânia reforça diálogo com países do Sul Global para combater propaganda russa em meio à guerra
Em guerra com a Rússia desde 2022, a Ucrânia vem buscando meios para reforçar o diálogo com o Sul Global, numa tentativa de frear a propaganda russa e criar conexões com nações que enfrentaram períodos recentes de domínio colonial. Um exemplo é a conferência “Crimeia Global”, que convidou esta semana representantes da sociedade civil desses países para observarem os efeitos da guerra na população ucraniana. A iniciativa presidencial visa também a restituição da península da Crimeia, ocupada ilegalmente pela Rússia.
A terceira edição da conferência conta com a presença de representantes de nações da Ásia, África, América Central e América Latina. A Ucrânia vê paralelos entre os países participantes e sua própria situação atual, a começar pela anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em 2014 e pela perseguição das populações locais sob a ocupação russa.
Esta troca de experiências permite também a Kiev combater a desinformação russa entre os cidadãos de países que não necessariamente tomaram uma posição sobre a guerra. Isto é feito através do diálogo e da demonstração, entre outras coisas, do impacto dos bombardeios russos no cotidiano dos ucranianos e da denúncia das violações do direito internacional por parte da Rússia.
Entre os temas abordados na conferência estão os direitos humanos e o tratamento dos prisioneiros de guerra ucranianos na Rússia, com o testemunho de Dmytro Khyliuk, um jornalista libertado recentemente após três anos e meio em cativeiro na Rússia. Desde seu retorno, ele tem tentado conscientizar as pessoas sobre as condições desumanas de detenção que vivenciou.
– Há mais de duas mil pessoas ainda espalhadas em prisões pela Rússia. Precisamos falar sobre isso com nossos convidados, para que saibam que a Rússia é uma escravagista moderna, um país que quer escravizar outro e colocar seus cidadãos em servidão. Não no sentido medieval. Esta é a escravidão moderna, na qual um país é conquistado e seus cidadãos são informados que não têm mais identidade própria, não têm mais um povo […]. E se vocês se opuserem, são aniquilados – relata Dmytro.
O encontro com Dmytro impressionou Beloved John, jornalista nigeriana em sua primeira visita à Ucrânia. “Mesmo se temos nossos problemas de segurança interna, meu país não sofre uma interferência estrangeira dessa magnitude. Para mim é simplesmente inconcebível a ideia de alguém permanecer detido por tanto tempo em um país estrangeiro.”
Já para a defensora congolesa dos direitos humanos, Anny Modi, o que mais marcou sua visita foi a força da sociedade civil. “A coordenação entre a administração pública, os serviços de segurança e a população, que se une em torno dessa visão, se posso dizer assim, do seu chefe de Estado, me impressionou e me tocou profundamente.”
Estrangeiros recrutados para exército russo
Outro assunto abordado durante a terceira conferência “Crimeia Global” trata do destino de estrangeiros recrutados à força para o exército russo. O jornalista Dmytro Khyliuk também denuncia a prática imposta por Moscou a estes combatentes.
Segundo estimativas apresentadas no evento, mais de 18 mil estrangeiros foram recrutados, voluntariamente ou à força, para o exército russo.
– Como vocês devem ter entendido, nenhum treinamento militar básico é ministrado. Um contrato é assinado e eles são imediatamente enviados para a frente de batalha para operações de assalto. A maioria dos estrangeiros detidos pelos ucranianos se rendeu durante sua primeira missão de combate – afirma o brigadeiro-general ucraniano Dmytro Yusov.
Quenianas recrutadas para fábrica de drones
Também presente no evento, o jornalista queniano Wellingtone Nyongesa investigou o recrutamento de mulheres quenianas para o esforço de guerra russo, especialmente em fábricas de drones.
– Dois anos após o início da guerra, começaram a surgir informações na mídia e na sociedade civil sobre o recrutamento pela Rússia de jovens mulheres africanas no âmbito do chamado Programa Alabuga, com sede na República do Tartaristão, que faz parte da Rússia – explica o jornalista.
Mesmo longe da linha de frente, essas mulheres, assim como os estrangeiros recrutados pelo exército russo, correm o risco de perder a vida. Kiev aponta que já documentou a morte de mais de 3,3 mil estrangeiros recrutados pelo lado russo da guerra.











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