A Ucrânia deixou claro que pretende retomar o controle desta parte do país que desde o começo das guerras está nas mãos dos russos.

Nova fase da guerra entre Rússia e Ucrânia tem troca de ataques e busca pelo controle do sul do país
Serviço de Imprensa do Serviço de Emergência Estatal da Ucrânia. / Foto: Divulgação via REUTERS

Após seis meses de conflito entre Rússia e Ucrânia, a guerra no Leste Europeu chegou em uma nova fase. Se no início Vladimir Putin achava que dominaria a região em três dias e depois focou suas forças no leste do país, mais precisamente em Donbass, agora a estratégia envolve o sul. “As forças russas estão passando por um enorme redirecionamento de tropas para três regiões no sul da Ucrânia, no que parece ser uma mudança de tática de Moscou”, afirmou um assessor sênior do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quarta-feira, 27. Essa virada vem dias após o Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, informar que os russos têm a intenção de assumir o controlar do governo.

O representante também acrescentou que a Rússia parecia estar passando de uma estratégia ofensiva para uma defensiva, usando ataques táticos para enfraquecer o potencial ofensivo da Ucrânia na crucial região industrial de Donetsk, no leste. “Isso nos colocaria em uma posição em que não conseguiríamos libertar todo o nosso território e convocar negociações”, disse. As forças russas tomaram a segunda maior usina elétrica da Ucrânia, disse o assessor presidencial Oleksiy Arestovych em uma entrevista publicada no YouTube. Forças apoiadas pela Rússia haviam anunciado anteriormente a captura da usina de Vuhlehirsk, da era soviética e alimentada por carvão, no leste da Ucrânia. “Eles conseguiram uma pequena vantagem tática, eles tomaram Vuhlehirsk”, disse Arestovych.

A Ucrânia deixou claro que pretende retomar o controle desta parte do país que desde o começo das guerras está nas mãos dos russos. Para atingir o seu objetivo, intensificou os esforços ao tentar bombardear e isolar tropas russas em áreas de difícil reabastecimento. A Rússia disse não se incomodar com os esforços da Ucrânia e o Ministério da Defesa russo afirmou que seus aviões atacaram uma brigada de infantaria ucraniana no extremo norte de Kherson e mataram mais de 130 soldados nas últimas 24 horas. “A declaração do Zelensky de que a região será libertada em três a seis semanas é… uma mentira”, declarou Kirill Stremousov, vice-chefe da administração militar-civil indicada pela Rússia para comandar a região de Kherson. “Todas essas contraofensivas que resultam em um grande número de baixas ucranianas não estão dando em nada”, disse Stremousov à agência de notícias russa RIA.

A Ucrânia, por sua vez, não ficou para trás, e disse nesta quinta-feira, 28, que seus aviões atingiram cinco fortificações russas ao redor da cidade de Kherson e outra cidade na área. A inteligência militar britânica, que ajuda a Ucrânia, afirmou que é provável que as forças ucranianas também tenham estabelecido uma ponte ao sul de um rio que corre ao longo da fronteira. “A contraofensiva da Ucrânia em Kherson está ganhando força”, disse em comunicado. Tropas ucranianas usaram sistemas de mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente para danificar gravemente três pontes sobre o rio Dnipro nas últimas semanas, dificultando para a Rússia abastecer suas forças na margem ocidental.

A inteligência britânica disse que a estratégia estava começando a isolar as forças russas na região de Kherson. “O 49º Exército da Rússia, estacionado na margem oeste do rio Dnipro, agora parece altamente vulnerável”, disse em um boletim de inteligência. A cidade estava agora praticamente isolada dos outros territórios ocupados pela Rússia. E, segundo o comunicado britânico, perder essa região “prejudicaria severamente as tentativas da Rússia de pintar a ocupação como um sucesso”, afirmou.