Acordeonista estava internado na UTI do Hospital Regional e morreu às 19h de ontem

Músicos lamentam morte de Dino Rocha e destacam importância para música de MS
Dino Rocha aprendeu a tocar de forma autodidata / Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul

O sanfoneiro Dino Rocha morreu na noite desse domingo (17), após 27 dias internado no Hospital Regional de Campo Grande, por complicações do diabetes. Músicos do Estado lamentaram a morte e relembraram a trajetória do músico, que teve quase 60 anos de carreira e aprendeu a tocar instrumentos sem nunca ter tido aulas de música.

A cantora Delinha conta que acompanhou Dino desde o começo da carreira. “É uma tristeza muito grande, mais um sanfoneiro que se vai. É muito triste, porque conheço desde o começo da carreira dele, desde 1980 e pouco. Não saia do meu bairro, conversando e tocando. Mas, Deus sabe o que faz”.

Delinha diz que acompanhou de longe a carreira, sem participar tanto dos shows porque era recatada. “Gosto muito dele e dos filhos dele, o Maninho que ficou no lugar dele tocando. A primeira música que ele gravou, eu gostava muito e tenho os discos. Fez muito sucesso e vai deixar muita recordação”.

O compositor Paulo Simões diz que como fã, conhecia o Dino desde o final da adolescência, quando começou a ouviu suas gravações nas rádios daqui. "Quando fui morar no Rio, levei alguns discos e fitas k-7 dele, e ouvia muito com o Geraldo Roca, era uma espécie de ídolo pra gente, pela criatividade e pela maneira única de tocar. Além do bom gosto musical, na escolha do repertório".

Quando voltou a morar em Campo Grande, no início dos anos 80, ele conheceu Dino assistindo a apresentações dele com o Amambai e Amambay. "Ficamos amigos, começamos a tocar algumas vezes juntos, eu o convidei para alguns shows, e no meu primeiro disco ele tocou sua sanfona mágica em Sonhos Guaranis. Mais tarde veio o Chalana de Prata, e aí viramos companheiros de palco, viagens, histórias e inclusive parcerias. A primeira foi Quero Quero, com a participação do Celito, e lembro que nos sentimos muito orgulhosos de assinar o nome ao lado do dele".

"O que ele representa para a música e a cultura de Mato Grosso do Sul só vai ser, infelizmente, compreendido a partir de hoje, como é comum acontecer no Brasil, um país que não tem apreço por sua memória", afirma Simões.

O diretor cultural do Instituto do Chamamé de Mato Grosso do Sul, Márcio Nina, conheceu Dino há pelo menos 25 anos. “Dino, com a carreira musical dele, conseguiu lograr muitos fã. Tem uma obra musical muito importante e mostra a vitalidade do chamamé, que é muito rico e muito presente aqui no Estado. Toca pouco nos rádios, mas, nas festas o que predomina é o repertório do chamamé, em Campo Grande e no interior”.
 
Márcio diz que a memória que ficou dos encontros que teve com Dino é de uma pessoa amável e educada. “Sempre conversava sobre o chamamé e o que seria do chamamé para as próximas gerações, daqui 50 e 60 anos. Também, muitas conversas em torno de uma figura chamada Zé Corrêa (precursor do Chamamé em Mato Grosso do Sul)” .