Delegada diz que agressores ainda vivem um cultura machista, que “não tem nada a ver com amor”.

A metade do ano ainda nem chegou e o número de assassinato de mulheres já se igualou ao ano anterior, em Campo Grande. São cinco mortes registradas este ano e outras cinco em 2019, segundo a polícia. Em todo o estado, foram 31 registros de feminicídios no mesmo período, sendo que, este ano o número já chegou a 15.
O último caso ocorreu na noite dessa quinta-feira (14), em Paranaíba, na região leste de Mato Grosso do Sul. Valéria Ribeiro de Oliveira, de 30 anos, foi morta a facada na casa dela pelo ex-namorado, Sérgio da Silva Verginío, de 31 anos. Antes de ferir a vítima, Sérgio atirou contra ela, mas, nenhum disparo a atingiu.
“Infelizmente, em Campo Grande, já se igualou.
Estamos com maior concentração de casos desde o início do ano, já que no ano anterior foram casos mais distribuídos. A estatística é reflexo deste momento de crise e isolamento, em que as pessoas passam por problemas de dinheiro, falta de perspectivas, preocupação com a saúde, estresse e tudo isso acaba influenciando, de forma ruim, estes casos”, afirmou ao G1 a delegada Sueili Araújo, adjunta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
Segundo Araújo, a violência sempre existiu e é inerente, porém, nestes casos em que a mulher está em casa o tempo todo, inclusive para denunciar possíveis crimes, são os “momentos de oportunidade” para agressores.
“Ela fica em casa e tem dificuldades para sair e denunciar. É o momento em que os agressores podem praticar este crime de ódio, é algo impregnado e enraizado na cultura machista, não tem nada a ver com amor. É a questão da posse mesmo, o homem não aceita a vontade da mulher”, lamentou a delegada.
De acordo com Dados da Deam, foram três casos em janeiro e mais três em fevereiro deste ano, sendo um deles, em cada mês, na capital sul-mato-grossense. Março contabilizou mais dois feminicídios. Em abril, o número voltou a somar três e, em maio, já foram quatro casos.
Na Casa da Mulher Brasileira, as prisões em flagrantes também aumentaram consideravelmente em Campo Grande, conforme a delegada. Só no mês de abril foram 47 agressores.
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