O guarani-kaiowá Vito Fernandes, 42, foi morto a tiros e outros sete indígenas ficaram feridos

Em nota, 76 entidades criticam ação policial contra indígenas em Amambai
Indígena ferida com tiro na barriga durante confronto em Amambai. / Foto: Direto das Rua

Nota assinada por 76 entidades, entre movimentos sociais, sindicatos e organizações estudantis, classifica de “bárbaras” as ações do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul em área ocupada por indígenas no município de Amambai, na fronteira com o Paraguai.

Na sexta-feira (24), policiais militares e indígenas entraram em confronto na Fazenda Borda da Mata, ocupada no dia anterior. O guarani-kaiowá Vito Fernandes, 42, foi morto a tiros e outros sete indígenas ficaram feridos. A PM afirma que três policiais também sofreram ferimentos leves.

“As entidades abaixo relacionadas vêm a público solidarizar-se ao povo Guarani e Kaiowá, que a partir da madrugada do dia 24 de junho, no Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, no município de Amambai, sofreu bárbaras ações de violência por parte de forças militares do Estado de Mato Grosso do Sul e sem nenhum mandado ou documento judicial”, afirma a nota.

As entidades continuam: “essa barbárie, que atinge famílias inteiras, compostas por crianças, jovens e idosos, vem sendo chamada pelos Guarani Kaiowá de Massacre do Guapoy. Repudiamos veementemente as ações violentas perpetradas pela Polícia Militar e exigimos sua imediata suspensão”.

Os movimentos cobram intervenção do Conselho de Intermediação de Conflitos Sociais e Situação de Risco, criado pela Lei Estadual n. 3.807, de 17 de dezembro de 2009, e questionam da Corregedoria da Polícia Militar quais foram as forças policiais envolvidas no episódio, e sob qual orientação, comando e controle, “a fim de possibilitar as medidas cabíveis, caso sejam pertinentes”.

Também reafirmam a necessidade de manutenção do processo demarcatório das terras indígenas. “Nesse contexto, somos solidárias/os a todo o povo Guarani e Kaiowá e a todos os povos originários que sofreram e sofrem processos de expulsão e perda de seus territórios. Reiteramos a urgência, a responsabilidade e o empenho do Estado brasileiro na resolução da questão que envolve a demarcação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul”.

Entre as entidades que assinam a carta estão os sindicatos dos professores da UFGD e da Uems, os diretórios centrais dos estudantes das duas universidades, sindicatos de professores das redes estaduais e municipais, CUT (Central Única dos Trabalhadores – CUT/MS), Fetems e Associação de Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania.