Verônica faz um alerta para o despertar da consciência em seu primeiro livro, "O Caminho da Superação" que será lançado em 2019

Depois de câncer, AVC e quatro cirurgias, Verônica resolveu escrever
A rotina intensa de trabalho e a cobrança, levou Verônica para um caminho inimaginável. / Foto: Thailla Torres

Quem encontra a simpatia e o sorriso inspirador da professora Verônica Rivas, de 40 anos, não imagina que há pouco tempo ela enfrentou um dos períodos mais difíceis da vida. A descoberta de um câncer, depois o AVC e quatro cirurgias são alguns detalhes dos últimos anos que a fizeram repensar muita coisa e compartilhar suas reflexões em um livro.

Semana corrida, muito trabalho, tarefas e preocupações de uma professora levadas para dentro de casa. Tudo isso era rotina de Verônica até pouco tempo. Nascida em Dourados, filha mãe e avós batalhadoras, a menina cresceu numa família pobre, mas determinada.

Essa vontade de crescimento fez Verônica enxergar somente o trabalho e o dinheiro na sua frente. “Não era ganância, era sede de conseguir agradecer tudo que a minha mãe e minha avó tinham feito por mim. Elas trabalharam como boia fria para garantir o nosso sustento e na minha cabeça eu tinha que ralar muito para ser alguém nessa vida”.

De fato, trabalho é ponto de partida para a caminhada do sucesso, mas o caminho torna-se mais longo sem a companhia da essência de coisas muito simples no dia a dia. “Saúde, lazer, mais tempo com a família, disposição para falar bobeiras, nada disso fazia parte da minha rotina, eu achava que as conquistas estavam atreladas somente ao trabalho e o financeiro”.
Hoje ela escreveu um livro e deseja compartilhar sua história com todos.


Nessa rotina, a saúde passou a dar sinais de socorro a Verônica e em 2012, o primeiro diagnóstico e a primeira cirurgia. “Fiz um procedimento cirúrgico contra o refluxo gástrico esofágico e uma hérnia. Na época morava em Corumbá e vim até campo grande fazer a cirurgia. Na época foi um processo difícil de recuperação, e reconstrução alimentar, porque durante quase 3 meses eu só podia líquidos”.

Em 2015, um novo desafio. Verônica descobriu um câncer de tireoide. “Meu mundo desabou, como eu não tinha muita informação, inicialmente aquilo foi uma sentença de morte”.

Depois do desespero, ela passou a pesquisar sobre o assunto e descobriu todas as chances. “O médico disse que minhas chances eram ótimas porque o câncer estava no início, aquilo me animou”.

Ainda assim a rotina e a preocupação no dia a dia eram intensas. Em outubro de 2015 Verônica encarou a primeira cirurgia para retirada do câncer e em janeiro de 2016 um novo procedimento chegou para dar um fim a todo sofrimento. “Foram dois procedimentos difíceis que exigem muito do nosso emocional. Mas eu estava disposta a vencer, só não imagina que a vida ainda havia me reservado mais surpresas”.

Em 2017, quando achou que já havia superado a fase do câncer, Verônica sentiu fortes dores de cabeça e procurou um médico. Depois de alguns exames, o diagnóstico nunca esperado: um aneurisma.

Ela saiu da consulta e foi para casa. Verônica nunca foi capaz de esquecer o dia 18 de maio do ano passado, o dia em que descobriu o aneurisma e sofreu um AVC hemorrágico dentro de casa. “Comecei a passar muito mal, de repente não sentia mais o meu braço e mal conseguia ficar em pé. Era hora do almoço e por sorte meu marido estava em casa”.

Socorrida, Verônica deu entrada no hospital direto para o CTI (Centro de Terapia Intensiva). “Fiquei imóvel por muito tempo, qualquer movimentação brusca eu podia vir a óbito”.

Uma nova cirurgia surgiu para reverter a situação, quando uma parada cardíaca foi a experiência mais difícil e assustadora que ela sentiu na vida. “Na parada cardíaca eu senti que estava morrendo, senti meu corpo gelar totalmente. De repente eu não estava mais no meu corpo”.

Verônica chegou a perder os sinais vitais na mesa de cirurgia e precisou ser reanimada pela equipe médica. Ela diz que conseguiu ver cada detalhe deste momento até voltar a consciência e acredita que cada passou foi um sinal para um novo modo de ver a vida.

“Passei pela experiência de quase morte. Me vi fora do corpo. Todo mundo tem uma explicação para esses acontecimentos. Mas eu busquei a explicação espiritual e isso me transformou a minha visão de mundo”, conta.

No processo de experiência de quase morte, Verônica diz que só pensava no filho. “Eu implorava para não morrer e nem deixar família. De repente, quando eu percebi, foi como se eu tivesse sido sugada para o meu corpo. Naquele momento chorei muito e agradeci pela minha vida”.

Hoje, a professora encontrou respostas para cada desafio vivido nos últimos anos. “Eu sempre tive a ilusão que eu precisava ter sucesso profissionalmente, comecei a ficar obcecada por esse anseio, diante da própria cobrança da sociedade de que a gente tem que se mostrar vitorioso o tempo todo. Eu esqueci da família, do fortalecimento da espiritualidade e de todos os outros setores que são importantes para a gente viver feliz”.

A parada cardíaca foi o ponto alto para a renovação de Verônica. “Passei a usar toda a minha experiência como ferramenta de análise pessoal e descobri um desequilíbrio no cotidiano. Hoje, sei que o trabalho é importantíssimo na nossa vida, mas os anseios individualistas e egoístas nos adoecem”.

Foi assim que Verônica se descobriu como escritora. No processo de recuperação após tantas cirurgias, um câncer e AVC, ela decidiu compartilhar o que sentia e o que aprendeu com o mundo. Passou a escrever diariamente em um blog e se prepara para o lançamento do seu primeiro livro: O Caminho da Superação".

“O objetivo maior desta obra é ajudar outras pessoas a refletirem sobre o sentido da vida, pois compreendi que a minha história poderá servir de inspiração e exemplo para que elas também transformem suas vidas, evitando passar pelo que passei. Quero que as motive a não desistirem de seus sonhos, tendo em vista que, após o despertar da consciência descobri qual é a minha missão de alma, por isso hoje vivo o presente, tenho de paz de espírito e estou feliz”.