Localizadas na mesma região, distantes pouco mais de 300 metros e separadas por parte do Parque Ambiental Rego D’Água, essas estruturas prediais pertencentes ao município seguem sem uso efetivo do poder público enquanto acumulam sujeira e destroços.

CRACOLÂNDIAS: Prédios abandonados se tornam "casas" para usuários de drogas
Prédio do Centro Homeopático é abrigo para usuários de drogas. / Foto: Hedio Fazan/Dourados News

Prédios públicos abandonados têm servido de abrigo temporário e ponto de consumo drogas para dependentes químicos em Dourados. Próximos um do outro, o Centro Homeopático e a casa da Feira Livre ‘João Totó Câmara’ estão tomados por rastro que evidencia o uso desenfreado de entorpecentes.

Localizadas na mesma região, distantes pouco mais de 300 metros e separadas por parte do Parque Ambiental Rego D’Água, essas estruturas prediais pertencentes ao município seguem sem uso efetivo do poder público enquanto acumulam sujeira e destroços.

Esse cenário foi verificado na manhã desta quinta-feira (6) pela reportagem do Dourados News, que viu in loco e registrou imagens de trapos de roupas, garrafas de cachaça e latas cortadas para consumo de crack.

Procurada, a secretária municipal de Assistência Social, Maria Fátima Silveira de Alencar, explicou que sua pasta atua na prevenção, por meio dos Cras (Centros de Referência em Assistência Social), e não atua na abordagem aos usuários que consomem drogas nas ruas e prédios públicos.

Segundo ela, quanto aos moradores em situação de rua, cabe ao poder público apenas acolher quem está disposto a mudar de condição. “Não há nenhuma lei que impeça eles de estarem na rua. No Centro POP [Centro de Referência Especializado à População em Situação de Rua] nós conversamos com eles, mas não podemos impedi-los de estar na rua. É um direito deles. O Direito de ir e vir”, pontua.

A gestora da Assistência Social cita ainda que algumas pessoas levadas para Casa da Acolhida, após receberem alimentação e higiene pessoal, acabam retornando para rua. Somente quando se trata de menor de idade, o Conselho Tutelar é acionado para acolher.

Na Secretaria Municipal de Saúde, a servidora Vanda Dias Assad esclareceu que também não há ações de abordagem aos usuários de drogas, seja nas ruas ou nos prédios públicos. Ela recomenda que essas pessoas, caso queiram ajuda, procurem o Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas), na Rua Gustavo Adolfo Pavel, número 2655, no Jardim Vital.

“Nessa unidade temos equipe multiprofissional e o atendimento é de livre demanda, sem necessidade de marcar pelo menos o primeiro atendimento. Funciona oito horas diárias, de segunda-feira a sexta-feira, e estamos trabalhando para ampliar para 24 horas por dia”, informou.

Vanda revela que caso a família de algum dependente químico procure essa assistência, é feita visita domiciliar na tentativa de convencer a busca pelo tratamento. “Internação compulsória só no Judiciário”, esclarece.

Quanto ao prédio do Centro Homeopático, a servidora da Secretaria Municipal de Saúde disse que uma empresa deverá assumir em breve a responsabilidade pelo serviço de reforma.

Comandante da Guarda Municipal de Dourados, Divaldo Machado de Menezes garante que são feitas rondas constantes nos entornos desses locais. Segundo ele, alguns têm vigilante.

“Se a pessoa está na frente, não podemos mandar embora, tem o direito de ir e vir. O que não pode é vandalizar. Se tiver usando droga a Guarda aborda e coíbe”, detalha.

Ele pondera que se o prédio estiver abandonado, não vê como crime a pessoa entrar para se abrigar, mas no caso de imóveis trancados, em uso, a invasão é punida.