Site que possibilita jogar em 15 modalidades é citado em investigação do Gaeco
A família Razuk digitalizou o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul e ‘apostou’ em site de bet para lucrar mais. É o que aponta a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). O grupo investigado criou uma versão on-line da jogatina no Estado.
As apurações apontam Jorge Razuk Neto, filho de Roberto Razuk — o patriarca da família — como um dos líderes do núcleo familiar. Ele seria o gerente e articulador da jogatina da família em MS.
Assim, dedicou seu tempo “à idealização e execução de uma plataforma on-line de exploração do jogo do bicho e de outros jogos de azar proibidos em território nacional”. Isso porque a família visava “atingir um maior público e lucro, isso em decorrência da modernização e do avanços tecnológicos”.
Ou seja, buscaram meios eletrônicos para exploração do jogo do bicho, sendo uma delas sites de jogos. Então, criaram “site de jogo do bicho on-line, o qual, após testado e aprovado pelos irmãos Razuk, está em plena atividade, podendo ser acessado através do endereço https://apponline.ddns.net/monaco/Siteo”, destaca trecho da investigação.
A busca por digitalização da família acontece quando os jogos on-line tomam conta dos apostadores. Menção do NYT aponta que as apostas digitais movimentam 23 bilhões de dólares por ano. Os dados são do Instituto Jogos Legais, entidade dedicada ao estudo de jogos de azar no Brasil. O valor seria 10 vezes mais que o movimentado pelo jogo do bicho no país.
Jogo do bicho em MS: Gaeco aponta Roberto Razuk como chefe e Neno é ‘líder operacional’
Pagamento por Pix
A plataforma disponível na internet apresenta 15 modalidades de jogo do bicho aos usuários. Estes deviam se cadastrar para realizar as apostas on-line. Logo na página de login, a plataforma esclarece que o pagamento é por Pix.
Na decisão, a juíza aponta que o empresário Sérgio Donizete Baltazar seria responsável pelos pagamentos referentes às apostas on-line. Segundo o MPMS, Sérgio teria admitido sociedade com Jorge Razuk.
Além disso, Sérgio seria proprietário de outro site de apostas com Jorge Razuk Neto. Em consulta nesta quarta-feira (26), a plataforma betmaiss.com apareceu fora do ar.
Rafael, Jorge e Neno, em pé; Roberto Razuk, sentado. (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Organização criminosa
A organização criminosa baseada em Dourados que explorava o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul tinha planos de expandir a operação ilegal. Assim, a denúncia levou à prisão 20 pessoas investigadas na quarta fase da Operação Successione.
Do grupo de presos, apenas Roberto Razuk (84 anos) conseguiu prisão domiciliar. Então, na terça-feira (25), o Gaeco, com o apoio da PMMS (Polícia Militar de MS), cumpriu 27 mandados de busca e apreensão e 20 de prisão. Não há informações sobre possível prisão do advogado Rhiad Abdulahad.
Além disso, na decisão, os promotores voltam a citar o deputado estadual Neno Razuk (PL) como líder do esquema e, ainda, que ele estava em busca de expandir os “negócios” para além da região de Dourados.
Pai de Neno, o empresário e ex-deputado estadual Roberto Razuk ainda exerce influência na operação ilegal. Nos anos 1990, Roberto recebeu de Fahd Jamil — preso na Operação Omertà, contra o jogo do bicho em Campo Grande — o comando da organização na região sul do Estado.
Veja a lista completa de alvos:
Roberto Razuk, empresário e ex-deputado estadual;
Rafael Godoy Razuk, filho de Roberto;
Jorge Razuk Neto, filho de Roberto;
Sérgio Donizete Balthazar, empresário;
Flávio Henrique Espíndola Figueiredo;
Jonathan Gimenez Grance (o ‘Cabeça”), empresário;
Samuel Ozório Júnior, comerciante;
Odair da Silva Machado (o ‘Gaúcho’);
Gerson Chahuan Tobji;
Marco Aurélio Horta, chefe de gabinete de Neno Razuk;
Anderson Lima Gonçalves, sargento da Polícia Militar de MS;
Paulo Roberto Franco Ferreira;
Anderson Alberto Gaúna;
Willian Ribeiro de Oliveira, empresário;
Marcelo Tadeu Cabral, empresário e suplente de vereador em Corumbá;
Franklin Gandra Belga;
Jean Cardoso Cavalini;
Paulo do Carmo Sgrinholi;
Willian Augusto Lopes Sgrinholi;
Rhiad Abdulahad, advogado.
Gaeco cita planos de família Razuk ao prender 20 por jogo do bicho em Mato Grosso do Sul
Investigado nega ‘chefiar quadrilha’
Em nota ao Midiamax, o advogado de defesa de Neno Razuk, João Arnar, disse que o deputado “nega peremptoriamente todos os atos de imputação dessa natureza. Nega ser membro de quadrilha, nega chefiar quadrilha. E esses atos não estão provados e não há decisão nenhuma judicial sobre isso”.
Ademais, pontuou que “não há sentença sobre isso. Então, impera em favor dele o princípio da presunção de não culpabilidade e isso cumprido na carta magna. E não há qualquer sentença a confirmar tal versão”. Por fim, a defesa disse que a versão da acusação é “contestada pela defesa e demonstrada ao contrário pela defesa no curso da ação principal, que ainda tende de sentença”.
Quarta fase da Operação Successione
Na terça-feira, 25 de novembro de 2025, o Gaeco deflagrou a quarta fase da Operação Successione, contra uma organização criminosa que explora jogos ilegais.
Assim, cumpriram 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão em MS. As ações foram nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã. Além disso, a operação também identificou alvos no Paraná, em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Em dezembro de 2023, o Gaeco constatou que o grupo tentou assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande. Isso aconteceu após a derrocada da família Name na Operação Omertà, em dezembro de 2019.
A organização criminosa contava com policiais militares como ‘gerentes’ do grupo que controlava o jogo do bicho no Estado.
Então, as equipes cumpriram mandatos nos endereços dos pais de Neno, do chefe de gabinete dele e de Rhiad.
Chefias do bicho
Roberto Razuk foi apontado pelo Gaeco como antigo chefe da operação do jogo do bicho na região sul do Estado.
Até a década de 1990, o esquema em todo o Mato Grosso do Sul era liderado por Fahd Jamil, também alvo da Successione em fases anteriores. Contudo, Fahd deixou o comando da organização criminosa e dividiu a operação em duas frentes: a região de Campo Grande ficou com Jamil Name e a região de Dourados e Ponta Porã passou para Roberto Razuk.
O antigo líder ficou distante, mas manteve influência, como mostrou reportagem da revista Piauí, em dezembro de 2024.











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