Três anos após acidente, homem implanta dedo do pé no lugar de polegar da mão
Carlos Henrique Pacheco está animado com a possibilidade de recuperar o movimento total das mãos, com o dedo implantado. / Foto: Divulgação

Três anos depois de sofrer um acidente de moto que amputou seu polegar esquerdo, o auxiliar de depósito Carlos Henrique Pacheco, de 33 anos, se submeteu a um transplante de um dos dedos do pé na mão. A cirurgia foi realizada no último sábado e faz parte do programa SOS Reimplante, que, desde 2008, já realizou 523 procedimentos desse tipo, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Animado com a prótese, Carlos admite que se espantou quando o coordenador do projeto, o microcirurgião João Recalde, lhe falou que era possível fazer o implante.

- Não sabia que era possível tirar um dedo do pé e reimplantar na mão. Na hora eu achei até que era brincadeira do doutor para tentar amenizar a situação, mas ele me explicou tudo direitinho. Eu pesquisei na internet e aceitei fazer. Graças a Deus correu tudo bem. Minha autoestima já melhorou bastante - comemora o paciente.

Para recuperar o dedo polegar da mão de Carlos, foi retirado o segundo dedo de um do pé direito do paciente. A delicada cirurgia, segundo o microcirurgião, foi bem sucedida. “A técnica consistiu na retirada do segundo dedo do pé para reimplante na mão, religando artéria, veia, tendão e nervos. No mesmo dia da cirurgia, fizemos uma plástica no pé para que fique esteticamente aceitável. Os procedimentos foram um sucesso. Após a recuperação, além do retorno gradativo do movimento do dedo da mão, o paciente pode continuar fazendo tudo com o pé que foi operado”, explicou.

Segundo o médico responsável pela cirurgia, cerca de 95% dos procedimentos cirúrgicos desse tipo apresentam resultados positivos. “Temos uma demanda grande de pacientes do projeto que são elegíveis a esse procedimento, mas muitos ainda têm receio. Queremos, com essa primeira cirurgia, mostrar os resultados positivos e estimular que outros também façam”, explicou Recalde, que acredita que, em pouco mais de três meses, Carlos deve apresentar os primeiros movimentos no dedo operado, além de voltar a ter sensibilidade na região.

Com a chance de voltar a ter uma rotina normal, o auxiliar de depósito comemora a possibilidade de realizar tarefas simples do dia a dia.

- Perdi parte da mobilidade e tem sido difícil fazer tarefas básicas como escovar os dentes. No trabalho também acabei impedido de fazer várias tarefas. Estou confiante de que vou voltar a ter uma vida normal. Agora é vida nova - diz Carlos.