Tonon escapa de recuperação judicial com nova captação e reestruturação da dívida e usa usina de Maracaju como garantia
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A Tonon Bioenergia, com três usinas de etanol, está comemorando uma vitória em seu processo de reestruturação da dívida. Não é para menos. A companhia conseguiu renegociar o custo de parte expressiva da dívida, além de ter finalizado uma nova captação, de US$ 70 milhões. As transações afastam o risco de recuperação judicial.

Os detentores de US$ 300 milhões em bônus sêniores aderiram à proposta da companhia para converter os papeis em novos, com mesmo valor e vencimento, mas juros menores que os 9,25% originais.

Os títulos novos expiram igualmente em 2020, mas vão garantir uma economia de 2 pontos percentuais à Tonon que pagará 7,25% ao ano até 2017 e, após esse período, voltará ao patamar de 9,25%.

O comunicado da companhia foi divulgado nesta quarta-feira (08) ao mercado e ressalta a rápida resolução da sua oferta de troca. Foram convertidos em novos papeis US$ 283,747 milhões, o que equivale a 94,58% do total do bônus originário.

"Estamos satisfeitos por ter concluído substancialmente essas transações favoráveis ​​com uma parcela muito significativa dos nossos detentores das notas sêniores. A liquidez aumentou de forma acentuada com essas transações", disse em comunicado Rodrigo Caldas de Toledo Aguiar, CEO da Tonon Bioenergia.

O prazo limite para a adesão é 13 de julho, até lá novos detentores de bônus podem converter seus títulos.

A transação foi feita pela subsidiária Tonon Luxembourg, com a emissão dos títulos em 13 de junho e tem efeito retroativo para o pagamento de juros atrasados, valendo a partir de 24 de janeiro deste ano. A companhia abriu mão da condição de oferta de troca de um mínimo de 95% do montante das notas existentes.

Além do custo menor a nova emissão estipula que a companhia pode mudar o pagamento de juros até 2017 por decisão unilateral e que pode ainda atrasar o pagamento caso fique com menos de R$ 100 milhões em caixa ao final do trimestre fiscal.

Há três semanas, quando deu visibilidade à operação, a Tonon justificou que “falhar em atingir um acordo de troca colocaria a empresa em situação precária inaceitável de liquidez, potencialmente impactando as operações e podendo levar à insolvência judicial a ser arbitrada na Justiça”.

Mais US$ 70 milhões
Junto com a renegociação dos bônus, a Tonon informou que conseguiu uma injeção de fôlego com um empréstimo de US$ 70 milhões, datado de 18 de junho. A captação foi feita junto a alguns investidores e detentores de notas já existentes, os gestores de fundos Gramercy Funds Management, LLC.

Por esse empréstimo, com vencimento em 2019, os juros oferecidos são de 12% ao ano. Já foram liberados US$ 67 milhões à Tonon e um valor adicional de US$ 3 milhões podem ser utilizadas ao abrigo do mecanismo, desde que certas condições sejam satisfeitas.

A garantia dada pela empresa são os ativos industriais e terras das usinas Santa Cândida (Bocaína-SP) e Vista Alegre (Maracaju-MS).

Os recursos do empréstimo serão utilizados para pagar dívidas de curto prazo e para fins corporativos gerais.

O acordo com credores também prevê a distribuição de 20% do valor do Ebitda Ajustado da empresa que exceder R$ 475 milhões, gerado em qualquer ano fiscal a partir deste (que termina em 31 de março de 2016) e até exercício de 2019.