Investigações revelaram que policiais usavam viaturas oficiais para transportar grandes cargas de cocaína

Policiais condenados por tráfico de cocaína são demitidos quase dois anos após operação
Investigações revelaram que policiais usavam viaturas oficiais para transportar grandes cargas de cocaína / Foto: Gaeco/MPMS

Os policiais civis Alexandre Novaes Medeiros, 42 anos, e Anderson César dos Santos Gomes, 48, condenados a 19 anos de prisão por tráfico de drogas, tiveram suas demissões publicadas no Diário Oficial do Estado na edição desta quinta-feira, 12 de junho.

A publicação ocorre quase dois anos após a descoberta do entreposto de drogas em Dourados, que culminou com a prisão de um dos agentes.

Segundo o DOE, ambos os servidores estariam sofrendo a medida punitiva por violarem deveres e cometerem infrações funcionais previstas na Lei Complementar nº 114/2005, que rege a conduta dos policiais civis de Mato Grosso do Sul. 

 

Entre os deveres descumpridos, estão a obrigação de manter conduta que dignifique a função policial, agir com honestidade, lealdade e assiduidade, obedecer aos preceitos éticos e às normas legais, além de exercer o cargo com exclusividade e zelar pelo prestígio da instituição. 

Já entre as proibições infringidas, constam o afastamento do local de trabalho sem autorização, atuação com deslealdade, negligência no cumprimento das obrigações, uso indevido de documentos e bens públicos, envolvimento em atividades comerciais não permitidas, práticas que gerem escândalo ou comprometam a imagem da Polícia Civil e o uso do cargo para obtenção de vantagens político-partidárias ou pessoais. 

As condutas foram apuradas no Processo Administrativo Disciplinar nº 27/2023, que resultou na decisão pela exoneração.

Operações
Alexandre e Anderson, investigadores da Polícia Civil, foram condenados por tráfico de drogas após serem alvo das operações Safe Shipping, deflagrada em setembro de 2023, e a Snow, cumprida em março de 2024. 

As investigações revelaram que ambos usavam viaturas oficiais para transportar grandes cargas de cocaína da fronteira com o Paraguai até Campo Grande. Na Snow, a investigação mirava o transporte da droga por meio de carga lícita, geralmente caminhões refrigerados, o que dificultava o trabalho da fiscalização.

Segundo o Ministério Público, os policiais recebiam cerca de R$ 89 mil por remessa. No dia 5 de setembro de 2023, uma dessas cargas foi interceptada em Dourados: 538 quilos de cocaína avaliados em mais de R$ 40 milhões.

A apreensão ocorreu após o grupo transportar a droga de Ponta Porã a Dourados pelo menos seis vezes entre julho e agosto daquele ano.

Um dos condenados, Anderson César dos Santos, investigador de 1ª classe com salário em torno de R$ 9 mil, chamou atenção pelo patrimônio incompatível com seus rendimentos.

Conforme o Gaeco, ele possui uma casa avaliada em R$ 2 milhões em um bairro de alto padrão em Ponta Porã, além de uma caminhonete Amarok de R$ 160 mil. A esposa, professora da rede estadual com salário de R$ 2 mil, seria proprietária de um Jeep Compass avaliado em R$ 246 mil. 

Já a filha do casal, também professora contratada pelo Estado, possuía dois veículos registrados em seu nome, somando R$ 108 mil.