Azevedo e Silva discursou na cerimônia de troca de comando da Marinha. Ministro disse que 'peculiaridades' da carreira de militar fundamentam 'necessidade de um regime diferenciado'.

Ministro da Defesa defende regras diferenciadas para militares na Previdência
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, durante discurso em cerimônia de troca de comando da Marinha na manhã desta quarta (9) em Brasília. / Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse nesta quarta-feira (9) que as "peculiaridades" da carreira de militar fundamentam a "necessidade de um regime diferenciado" de previdência para a categoria.
Azevedo e Silva discursou na cerimônia de troca de comando da Marinha nesta manhã em Brasília. Na cerimônia desta quarta, o almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior assumiu a Marinha no lugar do também almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira.

O ministro destacou o papel de Leal Ferreira nas discussões sobre a inclusão de militares na reforma da Previdência durante o governo de Michel Temer. Segundo ele, os militares têm "sistema de proteção social" e não um regime previdenciário.

"Diante das discussões sobre a reforma do sistema de proteção social dos militares foi incansável no esforço de comunicar as peculiaridades da nossa profissão, que as diferenciam da demais, fundamentando a necessidade de um regime diferenciado, visando assegurar o adequado amparo social aos militares das forças armadas e seus dependentes", afirmou o ministro.
 
Após a cerimônia, o novo comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, disse concordar com a posição do ministério da Defesa sobre um regime diferenciado para militares,
"A posição da Marinha é a posição do ministério da Defesa. Não temos previdência, nós temos um sistema de proteção social dos militares. É impróprio mencionar a palavra previdência do ponto de vista técnico", disse Ilques.
O comandante ressaltou as especificidades da carreira como justificativa "para a diferenciação", como a prontidão e higidez física.
 
O presidente Jair Bolsonaro (ao centro), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva (à dir.), e o vice-presidente, Hamilton Mourão (à esq.), ao lado dos almirantes da Marinha em solenidade em Brasília — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República
 
Durante o governo Temer chegou a ser avaliada a inclusão dos militares na reforma da Previdência ou o posterior envio de um projeto específico sobre o tema ao Congresso Nacional. Uma das possibilidade era estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria de militares. Atualmente, a categoria pode se aposentar depois de 30 anos de serviço.
O governo de Jair Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente sobre os militares na reforma previdenciária em análise.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou no ano passado que a reforma de Bolsonaro teria mudanças em relação aos militares.
Sobre uma eventual fixação e uma idade mínima para os militares, o comandante da Marinha "pediu cuidado" na análise do assunto.
"Temos que verificar isso com cuidado. Não sei se é adequado, razoável, exequível", afirmou.

Três guerras
 
No discurso após assumir o comando, o almirante Ilques afirmou que o Brasil esteve ao lado dos EUA em "três guerras mundiais".
Questionado sobre qual seria a terceira guerra (a Primeira Guerra mundial durou de 1914 a 1918 e a Segunda Guerra de 1939 a 1945), ele explicou se referia a "Guerra Fria".
"Durante a Guerra Fria, nós estávamos de um lado. Então, foram essas três menções. Nós somos o mundo ocidental. Então esse é o ponto de vista da Marinha", afirmou.
A Guerra Fria durou de 1947 a 1991, período logo após a Segunda Guerra em que o mundo estava dividido entre os Estados Unidos (EUA) e da União Soviética (URSS).
Ilques defendeu a necessidade de manter laços de "amizade" com diferentes países, entre os quais, EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal.