Lixo, mau cheiro e revolta na favela que se espalha no bairro Mário Covas

Um sofá em chamas e mau cheiro dão as boas vindas para quem chega à favela no bairro Mário Covas, região Sul de Campo Grande. Ao lado de uma estação elevatória de esgoto, que faz o bombeamento até a estação de tratamento, se espalham barracos e até construções em alvenaria.

No ar, além do fedor, paira revolta fomentada pela especulação de que um terreno nas imediações, na rua Catiguá, vai receber 40 famílias removidas da favela Cidade de Deus, no bairro Dom Antônio Barbosa.

“Por que não põem a gente no terreno? Por que trazer o povo da Cidade de Deus?”, questiona Josinei Gomes de Jesus, 29 anos. Ele mora na favela do Mário Covas há quatro anos. Segundo ele, desde então, houve transferência de 30 famílias para casas populares. Aos demais, sobrou a expectativa de um dia deixar a favela.

“É mais fácil tirar nós”, diz o montador Jean Carlos Martinez 23 anos, que há três anos trocou aluguel de R$ 400 por um barraco. Com ele, foram a esposa e quatro filhos.

Com o caçula da família nos braços, Leidiane Figueiredo da Silva, 22 anos, relata que as condições precárias do cotidiano se agravam nos dias de chuva. Segundo ela, o esgoto transborda e o mau cheiro atrai insetos.

Há um mês na favela, Fernanda Santana Véspero, 19 anos, comemora ao contar que deixará o local em breve. “Muito mato e mosquitos. Graças a Deus vou embora”, conta. No lar de uma peça, moram ela e o marido. Cadeirante, Fernanda depende da ajuda de terceiros para poder circular pelo local. “As ruas são muito ruins”, conta.