Gel aplicado na cirurgia, feita em março de 2021, devia ter sido tirado 5 meses depois; visão da paciente está comprometida.

Jovem consegue cirurgia, mas sofre descaso e está apenas com 2% da visão
Larissa só precisava de acompanhamento após a cirurgia ocular. / Foto: Arquivo Pessoal

A luta de Larissa Barbosa, 24 anos, para manter a visão após descolamento da retina do olho direito foi praticamente em vão. Isso porque a família conseguiu a cirurgia para a jovem após matéria do TopMídiaNews (clique aqui para ver), mas a paciente não teve acompanhamento adequado. Ela aguarda ser chamada pelo SISREC (Sistema de Regulação e Marcação de Exames e Consultas)  da Sesau (Secretaria Municipal de saúde) e até agora nada.

Segundo a mãe Luciana Barbosa, 41 anos, após a saga na Santa Casa [que estava com a máquina quebrada], em fevereiro de 2021, o procedimento foi realizado e houve a aplicação de um gel específico no olho, que deveria ter sido retirado cinco meses depois.

Luciana afirma que, naquela época, a filha deveria ter tido acompanhamento, mas após idas e vindas, o gel não foi retirado conforme a recomendação médica e Larissa não está enxergando quase nada.

“Depois que vocês fizeram matéria, a gente conseguiu. A Santa Casa pagou um hospital particular para fazer a cirurgia e disse que ia prestar assistência a ela até o final do tratamento. Ela fez a cirurgia e colocou um gel ocular. Ela teve descolamento total da retina e eles disseram que tinham vários buracos na visão. Ela ficou com esse gel que era pra ser retirado com cinco meses, e isso não foi feito.”

No limbo do SISREC
O gel era para ser retirado em julho de 2021, mas a jovem conseguiu fazer apenas curativos. Larissa afirma que sente muita dor no olho direito, e que “foi jogada” no SISREC (Sistema de Regulação e Marcação de Exames e Consultas), da Sesau sem datas para consultas com oftalmologista. Ela diz que entra em contato com o SISREC, que a encaminha para a Santa Casa, mas que o hospital explica que não é de sua competência.

“Eu ligo no SISREC e eles falam que quem tem de resolver é a Santa Casa, e que a Santa Casa é quem tem que enviar um e-mail e avisar que eu sou prioridade. Eu ligo na Santa Casa e eles falam que já enviaram para o SISREC. Nessa, se passou um ano e eu nem sei como está o meu olho.”

Depressão
Segundo Luciana, a falta de êxito em recuperar a visão de Larissa, que agora enxerga apenas 2% com o olho direito, deixou a jovem com depressão.

“Ela ficou muito deprimida e agora está tomando remédios contra a depressão. É como se a gente tivesse nadado e morrido na praia. A cirurgia não resolveu porque não teve assistência posterior. Quando vocês fizeram a matéria eles agilizaram rápido e agora estão fazendo descaso com a menina. Tratam igual como se fosse um porco. Eu estou até pensando em vender o meu carro também para pagar essa retirada de gel”, lamentou a mãe.

O que diz a Santa Casa

O caso foi encaminhado à Santa Casa que destacou que o caso de Larissa já foi encaminhado ao SISREC e que, agora, a situação não depende do hospital. 

"Em relação ao caso em questão, a paciente iniciou seu tratamento na Santa Casa pela Urgência e Emergência, e após a realização de exame externo e procedimento cirúrgico ela realizou as quatro consultas de retorno. Essas consultas são fixas para pacientes não internados. Assim, durante seu período enquanto egressa, todos os cuidados foram dispensados, entre consultas e acompanhamento da evolução do caso.

No seu último retorno no hospital, foi solicitado à Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), um novo agendamento de consulta, na data de 17/5/2021, inclusive para que, se possível, o retorno fosse no Ambulatório Geral (retina) da instituição para desse continuidade no tratamento esperado pela equipe. Acontece que essas vagas são encaminhadas via sistema (SISREG), e quem determina o preenchimento delas não é a Santa Casa. Até então o caso é responsabilidade da Sesau.

Vale ressaltar que Santa Casa de Campo Grande é uma instituição privada, que presta serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como também a outros convênios, mas que a gestão de consultas ambulatoriais na rede é regulada exclusivamente pela Sesau."

O que diz a Sesau
O caso foi encaminhado a Sesau e assim que houver retorno será inserido no texto.