Pedido aconteceu após tratativas sobre pagamentos à empresa

Investigação mostra servidor da Sefaz pedindo até gasolina a empresário

Uma nova denúncia envolvendo a Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda) veio à tona durante as investigações da Operação Antivírus. Um servidor da pasta aparece, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), pedindo favor a um dos empresários presos na última terça-feira (29).

O empresário, Jonas Schimidt das Neves, proprietário da Digitho Brasil, conversa com um servidor, que atua com gestão de processos na Sefaz, e o orienta sobre os pagamentos mensais que o governo deve fazer à empresa, uma média de R$ 4 milhões por mês.

Após a conversa sobre os pagamentos, o servidor, ‘em tom de favor’, aponta o MPE-MS (Ministério Público Estadual), solicita ao empresário o abastecimento de seu veículo. Sendo atendido pouco tempo depois, no mesmo dia, em um posto de combustível de Campo Grande.

O Gaeco também flagrou uma demonstração do empresário de bom relacionamento com funcionário de alto escalão da Sefaz, que poderia solucionar um problema que havia bloqueado os empenhos do governo para a Digitho.

De acordo com o Portal de Transparência do governo, a Digitho Brasil Soluções em Software tem cerca de R$ 69,7 milhões para receber da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2017, sendo que até o fim de agosto já foram pagos R$ 46,2 milhões, oriundos da Sefaz, SED (Secretaria de Educação) e Agehab (Agência Estadual de Habitação).

Deflagrada na última terça-feira, a Operação Antivírus cumpriu nove mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 29 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da comarca de Campo Grande.

O objetivo da operação é apurar a suposta existência de organização criminosa voltada à prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, por meio de contratos celebrados entre o Detran e empresas de TI (Tecnologia da Informação).

A reportagem entrou em contato com assessoria da Sefaz, questionando possíveis sanções aos servidores flagrados pelo Gaeco. Todavia, o Jornal Midiamax não obteve retorno até o fechamento da matéria.