Ele defendeu que o trabalho entre os dois países seja feito de forma integrada, para que a fronteira não se transforme em espaço de impunidade

Durante agenda em Ponta Porã para assinatura de acordo de cooperação contra o crime organizado e corrupção, o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes de Carvalho, defendeu o fortalecimento das ações conjuntas entre os dois países no enfrentamento ao crime organizado na faixa de fronteira.
Para ele, a única forma de combater o avanço da criminalidade é com mais organização, mais integração e presença constante do Estado.
O diplomata destacou o trabalho realizado entre a Embaixada do Brasil em Assunção e as autoridades paraguaias, classificando-o como “muito estimulante”. Segundo Marcondes, a missão diplomática atua como elo de ligação entre os governos, e tem contribuído diretamente para iniciativas de cooperação como o Comando Bipartite, apontado por ele como uma ferramenta importante de gestão integrada na área da segurança.
Ao lembrar sua longa carreira no serviço exterior, o embaixador ressaltou que poucas vezes viu um compromisso tão abrangente como o que chamou de “Compromisso de Assunção” — acordo recente firmado entre os países, que estabelece metas, áreas prioritárias, prazos e responsáveis para a execução de ações conjuntas.
Durante o encontro, Marcondes reforçou a importância de replicar boas práticas em regiões críticas, como a fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Para ele, experiências bem-sucedidas precisam ser reproduzidas, principalmente em áreas vulneráveis onde o crime costuma se expandir diante da ausência ou desorganização do Estado.
“Saibam todos os presentes que é na desunião e na falta de integração onde o crime floresce”, afirmou ao ressaltar que é justamente nesses “vazios” que mecanismos como o Comando Bipartite precisam atuar.
Ele defendeu que o trabalho entre os dois países seja feito de forma integrada e permanente, para que a fronteira não se transforme em espaço de impunidade.
Na avaliação de Marcondes, fronteiras não podem ser vistas como barreiras entre países, mas como áreas de atenção que exigem presença ativa do Estado. Segundo ele, ou os países se organizam e atuam em conjunto ou estarão “perdidos” diante do avanço do crime.
“A única forma de nós podermos combater o crime organizado é sendo mais organizados do que o crime. É sendo mais integrados e não permitindo que as zonas de fronteira sejam uma questão de divisão, mas áreas de atenção e essa área de atenção ela tem que ser muito reforçada e ela não tem que permitir um escape, uma possibilidade de o crime florescer. Nós temos que atuar de forma permanente e de forma muito contundente justamente para permitir que as áreas de fronteira não sejam áreas de impunidade”, reforçou o diplomata.
A presença de autoridades da Polícia Federal, Polícia Nacional do Paraguai, cônsules brasileiros e representantes locais foi apontada por ele como sinal concreto da união de esforços.
Ao encerrar a fala, o embaixador afirmou que a Embaixada do Brasil acompanhará de perto os desdobramentos do Comando Bipartite e que há expectativa concreta de resultados, acompanhada também de cobrança e vigilância diplomática.
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