Nicolly Guimarães Sapucci foi agredida pelo detento em Jundiaí (SP) e morreu no hospital. Ex-companheiro confessou o crime e foi indiciado por feminicídio; ele foi transferido para penitenciária de segurança máxima.

Detento que matou ex-namorada durante visita íntima no CDP premeditou crime, diz polícia
Polícia apura redes sociais de vítima com suspeito / Foto: Reprodução/Facebook

A Polícia Civil acredita que a morte da jovem de 22 anos espancada pelo ex-namorado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí (SP) foi premeditada. Nicolly Guimarães Sapucci, de Bragança Paulista (SP), sofreu vários ferimentos pelo corpo e teve afundamento de crânio, no dia 27 de janeiro.

De acordo com a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Jundiaí Renata Yumi Ono, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou à polícia que, dias antes do crime, Michael Denis Freitas, de 25 anos, havia retirado o nome dos pais da lista de visitantes, deixando apenas o de Nicolly.

Em nota ao G1, a SAP informou que a vítima foi atacada durante uma visita íntima a Michael. A ação só foi percebida pelos agentes penitenciários ao fim do período de visita, quando houve a contagem dos visitantes.

Na busca, Nicolly foi encontrada desmaiada e com ferimentos graves. O ex-companheiro já cumpre pena por roubo e foi autuado em flagrante por feminicídio. Ele confessou o crime cometido por ciúmes e foi transferido para uma cela de segurança máxima na penitenciária de Presidente Venceslau (SP).

Uma parente contou ao G1 que Nicolly foi até a unidade para resolver um boato e que os dois não estavam mais juntos. Áudios obtidos com exclusividade pelo G1 mostram que a jovem estava com receio de visitá-lo (ouça abaixo).

A mãe da vítima, o diretor do CDP, o agressor e agentes penitenciários já prestaram depoimento.
 
O namoro
 
A vítima e o agressor estavam juntos há dois anos. Michael foi preso em 2018 por roubo Conforme a polícia, a jovem nunca tinha registrado queixa contra o ex-namorado.

Em um perfil do Facebook que os dois mantinham juntos, Nicolly publicava declarações de amor ao ex-companheiro preso e chegou a escrever um relato sobre a rotina deles, dizendo que tinha orgulho de cuidar do então namorado e fazer visitas regulares à cadeia. Depois de terminar o namoro, a jovem fez outro perfil, no qual publicou que estava solteira.

Ainda segundo a SAP, ela estava cadastrada para visitas desde 23 de março de 2018 e comparecia ao CDP regularmente.

"Ela [Nicolly] falou que estava cansada, queria arrumar emprego e viver a vida dela com o filho, de 4 anos. Como pode ver no Facebook, ela fez outro perfil assim que os dois terminaram, mais ou menos duas semanas antes [do crime]", afirmou ao G1Daiane Sapucci, tia da vítima.

O corpo da jovem foi enterrado no cemitério municipal de Bragança, no último dia 29.

Investigação
 
A DDM aguarda laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística para finalizar o inquérito.

Outra linha de investigação da polícia é o compartilhamento de fotos do corpo de Nicolly em aplicativos de mensagens, o que causou revolta na família da vítima.

A pena prevista para o crime de vilipêndio de cadáver, que é a exposição das imagens, é de prisão de um a três anos, além de multa.