De acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), 37,5% das obras financiadas com recursos públicos da União estão paralisadas ou inacabadas.

Deputados defendem mudanças em leis para diminuir paralisação de obras públicas
Reunião de Instalação Flávia Morais defendeu uma força-tarefa envolvendo todos os poderes para enfrentar a questão. / Foto: Will Shutter/ Câmara dos Deputados

Modificações nas leis de licenciamento ambiental (Lei 6.938/81), de licitações (8.666/93) e dos consórcios públicos (Lei 11.107/05), entre outras mudanças legislativas, serão prioridades para a comissão externa da Câmara dos Deputados, instalada na terça-feira (2), que vai acompanhar e monitorar a conclusão das obras públicas paralisadas e inacabadas no Brasil.

De acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), 37,5% das obras financiadas com recursos públicos da União estão paralisadas ou inacabadas.

O TCU analisou, no ano passado, 38,4 mil obras em andamento no país e constatou mais de 14 mil obras inconclusas e se deteriorando de escolas, creches, unidades básicas de saúde, estradas e ferrovias, entre outras.

A coordenadora da comissão externa, deputada Flávia Morais (PDT-GO), afirmou que muitos dos problemas começam nos projetos, que não oferecem informações para que as obras tenham êxito. Ela defendeu uma força-tarefa envolvendo todos os poderes para enfrentar a questão.

"Nós temos a questão de disponibilidade de recursos, um desencontro entre o planejamento e a execução. E nós temos também a questão da execução dos outros entes federados.

Muitas vezes, o recurso é federal ao município que executa, o estado, e daí a dificuldade técnica da equipe que está naquela localidade."

Segundo o ministro do TCU Vital do Rêgo Filho, que relatou a auditoria das obras inacabadas, são expressivos os prejuízos para os cofres da União:

"Nessas 15 mil obras inconclusas já foram gastos 10 bilhões de reais. Com as outras quase 18 mil que estão para serem concluídas, nós temos o prejuízo à economia do Brasil de 130 bilhões de reais", afirmou.

O relator da comissão externa, deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), destacou algumas propostas para enfrentar a paralisação das obras públicas.

"Criação de um cadastro único das obras do Orçamento Geral da União, aberto à população, para que o cidadão possa acompanhar o andamento daquela obra; a obrigatoriedade de o gestor público – quer seja o estado, o município ou a União, quem estiver executando a obra – coloque na placa, depois de 90 dias, o motivo de aquela obra estar parada; em relação à homologação, responsabilizar o gestor, porque, às vezes, ele faz o processo, faz o certame mas não homologa as obras paradas", listou.

Presente à instalação da comissão externa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, informou que apenas 3% das obras inacabadas estão paralisadas devido a questões judiciais.

A comissão externa da Câmara dos Deputados que monitora a conclusão de obras públicas paralisadas e inacabadas não tem prazo definido e pode funcionar até o final desta legislatura.