Conversas onde cita os dois foi divulgada pelo site The Intercept Brasil.

Contador e empresário de MS foram indicações de Moro para "pegar" Lula
Contador esteve envolvido na operação Grão de Ouro do Gaeco. / Foto: Reprodução/ Ag. Senado/ Veja

O contador Nilton Aparecido Alves, 57 anos, que tem escritório em Campo Grande, e Mário César Neves, dono de um posto de gasolina também na Capital foram apontado como uma das testemunhas indicadas pelo então juiz Sergio Moro ao procurador chefe da Força-Tarefa da Lava- Jato Deltan Dallagnol que teriam informações relevantes sobre negócios envolvendo a família do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). O nome de Alves foi descoberto pelo site The Intercept Brasil, conforme divulgou a Revista Veja nesta sexta-feira (28). 

Em agosto do ano passado, gentes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso do Sul fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Nilton e recolheram escrituras, agendas, extratos bancários e pen drives. Mas essa investigação não tem relação com a da Procuradoria da República no Paraná. O técnico em contabilidade é acusado de corrupção por negociar pagamento de propina com uma organização criminosa especializada em fraudar impostos que desfalcou o Estado em 44 milhões de reais entre 2015 e 2018. “Não sei por que meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, disse Alves a entrevista à revista Veja. 

Indagado sobre se teria informações referentes aos filhos de Lula e se havia prestado depoimento aos procuradores da Lava-Jato com relação ao tema, ele encerrou a conversa dizendo que não iria declarar mais nada. 

Neves confirmou que, na época, em dezembro de 2015, um representante do Ministério Público Federal entrara em contato para pedir-lhe informações sobre o técnico em contabilidade Nilton Aparecido. “O pessoal do Ministério Público me ligou, não sei mais o nome da pessoa, mas ela queria saber quem era o Nilton, que serviços ele prestava e como poderia encontrá-lo”, contou o empresário. 

Questionado sobre se ouvira do técnico em contabilidade algo referente a negócios do filho do ex-presidente, o empresário também arriou. Disse que desconhecia o assunto. Ele, porém, confirma que repassou ao Ministério Público o endereço e o telefone de Nilton. “Eu soube que o Nilton foi chamado para prestar depoimento logo depois dessa ligação para mim”, diz Mário. O empresário acrescenta que soube disso por meio de funcionários do escritório de Nilton, que trabalha para ele há mais de quinze anos. 

 
 

 
 
Conforme a publicação do site The Intercept Brasil, logo depois de tentar, sem sucesso, falar com Nilton, Deltan Dalla­­gnol diz a Sergio Moro que estava pensando em intimar o técnico em contabilidade, se necessário, “até com base em notícia apócrifa”. Moro concorda em formalizar a intimação, mas não fica claro se ele avalizou a ideia de forjar a origem da denúncia.  

Se for verdade, a situação de Moro complica-se ainda mais do ponto de vista jurídico. A comprovação de que o Ministério Público, de fato, não apenas ouvia, mas seguia suas orientações, reforça a tese de que, quando magistrado, Moro abandonou a posição de imparcialidade para instruir um dos lados da ação, algo considerado ilegal pelo Código de Processo Penal. (...)