Com R$ 2,8 bilhões em dívidas, Tonon pede recuperação judicial
Unidade de VistaAlegre/Maracaju.

Dez dias depois de apresentar um prejuízo trimestral de R$ 726,5 milhões e cinco meses após reestruturar parte da dívida, a sucroenergética dona de três usinas buscou proteção da Justiça contra os credores.

Dez dias depois de apresentar um prejuízo trimestral de R$ 726,5 milhões, maior que toda a perda acumulada na safra passada, a Tonon Bioenergia entrou com pedido de recuperação judicial na quarta-feira (09). A medida foi informada pela empresa em comunicado a investidores no final da tarde de ontem.

“Após um longo processo de revisão e análise, a administração decidiu entrar com o pedido de recuperação judicial para lidar com as dificuldades financeiras enfrentadas pela companhia desde o começo deste ano principalmente em função dos baixos preços de açúcar e etanol e da significativa desvalorização cambial da moeda brasileira”, diz o documento.

Com sede em Bocaína (SP), a sucroenergética dona de três usinas (formada pelas unidades Santa Cândida (Bocaina-SP), Paraíso (Brotas-SP) e Vista Alegre (Maracaju-MS), que juntas empregam cerca de 5 mil colaboradores, a companhia tem capacidade de moagem de cana-de-açúcar de aproximadamente 8,2 milhões de toneladas por safra.), também justificou que a deterioração foi agravada pela restrição de crédito e dificuldades que o setor atravessa há bastante tempo.

Em julho deste ano, a companhia obteve a reestruturação de parte expressiva da dívida, além de um novo crédito de US$ 70 milhões, o que adiou o pedido, mas não foi o suficiente para evitar que a empresa buscasse socorro judicial.

O endividamento do grupo soma R$ 2,8 bilhões com empréstimos e financiamentos, conforme informações referentes ao trimestre encerrado em setembro.  Somente no curto prazo os vencimentos são de R$ 268 milhões, 30% deste valor apenas para o pagamento de juros.

A dívida de longo prazo está relacionada principalmente aos papeis renegociados neste ano, com os detentores de US$ 300 milhões em bônus sêniores aderindo à proposta da companhia para converte-los em novos, com mesmo valor e vencimento, mas juros menores que os 9,25% originais.

Se forem considerados também os débitos trabalhistas, com fornecedores e impostos, o valor devido chega a R$ R$ 3,3 bilhões.