Audiência Pública, nesta sexta-feira (4), discute a formulação do PMS (Plano Municipal de Saúde) 2026-2029, o maior instrumento de gestão do SUS

Campo Grande enfrenta um problema grave de déficit de leitos em hospitais. De acordo com dados da Sesau (Secretária Municipal de Saúde), atualizados nesta sexta-feira (4), há 173 pessoas à espera de uma vaga na rede pública de saúde da Capital. O grupo é composto por dez crianças, sendo nove de Campo Grande e uma do interior, e 163 adultos, entre 129 campo-grandenses e os 34 de outras cidades de Mato Grosso do Sul.
O déficit de leitos hospitalares é um dos maiores desafios enfrentados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande, segundo a titular da Sesau, Rosana Leite. A Capital tem atualmente 208 leitos nas 10 unidades de urgências, entre 6 UPAs e 4 CRSs.
Este e outros assuntos devem ser detalhados na apresentação do PMS (Plano Municipal de Saúde) 2026-2029, o maior instrumento de gestão do SUS. O encontro ocorre na tarde desta sexta-feira, na Câmara de Vereadores da Capital.
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Vale lembrar que a falta de leitos motivou a decretação do estado de emergência em saúde em Campo Grande em 26 de abril, pelo período de 90 dias. A alta de síndromes respiratórias pressionou a ocupação de vagas nos hospitais. A situação também motivou a liberação da vacina contra a gripe para toda a população.
A gestora da pasta de saúde explica que o PMS detalha o planejamento de estruturas, ações, serviços e a construção da política pública em saúde em Campo Grande para os próximos quatro anos.
“Uma das coisas que é muito urgente, que as pessoas observam, é a deficiência que nós temos estrutural de leitos hospitalares. Mas também temos algumas deficiências estruturais, alguns exames de imagens, alguns indicadores como a vacinação. Nós queremos evoluir mais ainda nesses indicadores. Então é a política como um todo”, explica Leite.
Hospital Municipal
Campo Grande tem a expectativa de construção de um Complexo Hospitalar Municipal. O projeto foi anunciado, em setembro de 2023, pela Prefeitura de Campo Grande com a promessa de 250 leitos, centro cirúrgico e de diagnóstico e UTI.
Em 1º de julho de 2024, o Executivo lançou a licitação do projeto, mas, passado um ano, ainda não há a definição de uma empresa vencedora. O acréscimo de mais leitos hospitalares na rede ajudaria a aliviar a superlotação da Capital. A construção do Hospital Municipal já era discutida há uma década atrás.
“No ano de 2014, constou no Plano Municipal de Saúde daquela década a construção do Hospital Municipal. Nesse nosso Plano Municipal ele continuará e com certeza nós já estamos programando o término da licitação e a construção dele nos próximos dois anos e meio […] apenas do município de Campo Grande seriam 250 leitos, mas temos perspectiva do Hospital Regional também de ampliar leitos. Ele não entra no Plano Municipal, ele entra no Plano Estadual porque é um equipamento de saúde do Estado”, explica Rosana.
Exames de imagens
Outro problema é sobre a fila de espera para exames de imagens. Diariamente, o Canal Fala Povo do Midiamax recebe reclamações de pacientes que enfrentam uma “peregrinação” para realização das análises.
“Nós temos já programado para colocar raio-x em todas as nossas UPAs e CRS, ou seja, todos os nossos prontos atendimentos. É óbvio que essa questão de manutenção já tem um processo licitatório em término, nem é nem em curso, já é em término, para se dar essa manutenção a esses aparelhos”, promete.
A previsão é que até o fim do ano sejam colocados em funcionamento mais unidades para a realização de raio-x. “Isso aí é um contrato feito há mais de 10 anos com o Governo do Estado. Eu espero que até o final desse ano porque já fizeram novamente a nova vistoria, já veio uma empresa que o Estado contratou, então eu acredito que até o final do ano nós já tenhamos esses raios-X”, prevê.
Santa Casa
A Santa Casa de Campo Grande alega déficit mensal de R$ 13 milhões nos atendimentos via SUS. O fechamento temporário para receber pacientes devido a superlotação também foi um dos pontos que motivou a sugestão de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o maior hospital de Mato Grosso do Sul.
De acordo com a secretária, o aumento de leitos não acompanhou o crescimento da população nos últimos anos.
“O município de Campo Grande nunca deixou de pagar. A Santa Casa está atendendo, mas é claro que existem momentos em que há superlotação e precisam restringir os atendimentos. Como nós trabalhamos em rede, levamos apenas aqueles pacientes que estão com risco iminente de morte, mas isso também é reflexo da falta de leitos. Para se ter ideia, hoje nas UPAs temos 208 leitos e dias atrás estávamos com 203 pacientes ocupando esses leitos”, aponta Rosana.
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