Com dívidas milionárias, o frigorífico Boibras tem se destacado por decisões judiciais favoráveis em Mato Grosso do Sul.

Localizado em São Gabriel do Oeste, o empreendimento entrou em recuperação judicial em 2023 e acumula dívidas de cerca de R$ 270 milhões, sendo aproximadamente R$ 51 milhões com fazendeiros e outros credores, e R$ 219 milhões com a União.
Ele é de propriedade de Regis Luis Comarella, presidente do presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frio, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul) e 3ª vice-presidente regional da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul).
A empresa obteve decisões judiciais favoráveis na Vara Regional de Falências e de Cartas Precatórias Cíveis de Mato Grosso do Sul, que impediram bloqueios de valores que poderiam impactar suas operações. A empresa é representada por advogados envolvidos em escândalos judiciais e policiais, como a operação Ultima Ratio.
Inicialmente, pedidos de bloqueio tramitavam na 6ª Vara Federal de Execução Fiscal de Campo Grande, onde estava previsto o bloqueio de R$ 151 mil das contas da Boibras. No entanto, o juiz estadual José Henrique Neiva de Carvalho Silva aceitou pedido da defesa da empresa para transferir o trâmite para a esfera estadual. Com isso, os valores permanecem com a empresa.
Além disso, a dívida com a Fazenda Nacional ficou excluída do plano de recuperação judicial, elaborado pela administradora judicial Cury Consultores, representada pelo advogado José Eduardo Chemin Cury. Segundo informações do frigorífico, a manutenção dos valores impede que a empresa seja obrigada a decretar falência, permitindo a continuidade das operações.
Outro ponto de destaque envolve a Administradora de Cartões Cielo S/A, que bloqueou cerca de R$ 1,08 milhão de açougues da marca Big Beef, pertencentes ao grupo Boibras. O bloqueio atendeu a normas do Banco Central e decisões judiciais de outras varas, como a 1ª Vara Federal de Coxim com Juizado Especial Adjunto Cível e Previdenciário.
Posteriormente, o juiz José Henrique determinou que a Cielo liberasse os valores ao frigorífico. A Cielo informou que transferiu os valores para a Caixa Econômica Federal, mas a instituição alegou não ter recebido o depósito. O magistrado, então, ordenou novo bloqueio dos valores junto à Cielo, que recorreu, mas a decisão incluiu multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.
Nesta quarta-feira (4), o juiz reconheceu que a decisão anterior, que aplicou a multa ao Banco Bradesco (acionista da Cielo), foi equivocada. Ele revogou a multa e determinou a retirada do item que previa penalidade de R$ 10 mil por dia.
Ainda assim, a decisão manteve o desbloqueio de valores que estavam retidos em cumprimento a determinações da 1ª Vara Federal de Coxim.
Entre os representantes da Boibras está o advogado Rodrigo Pimentel, filho do desembargador do Tribunal de Justiça de MS, Sideni Soncini Pimentel. Ambos foram alvos da Operação Ultima Ratio, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2024, que investiga suposto esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo empresários e escritórios de advocacia.
Além disso, o proprietário do frigorífico, Regis Luis Comarella, ocupa o cargo de 3º vice-presidente regional da FIEMS e é presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul.
*Acréscimo de informações 06/06/2025 (Assessoria do escritório Cecilia Mello Advogados)
A defesa do advogado Rodrigo Pimentel rebate as acusações de que houve algum favorecimento à Boibrás na Justiça de Mato Grosso do Sul e vê notícias como essa como uma tentativa de criminalizar sua atividade e constranger os julgadores do caso.
Atualmente, a Boibrás encontra-se em recuperação judicial, com assembleia de credores realizada e um plano de recuperação aprovado pelos credores e sendo cumprido para manter 800 empregos diretos em São Gabriel d’Oeste.
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