São 10 anos de inativação impactando o escoamento produtivo de setores importantes como agronegócio e a indústria

A Malha Oeste, importante via ferroviária que cruza os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo, ligando Corumbá/MS à Mairinque/SP em 1.973 km de extensão, entra na pauta de audiência pública na Câmara de Campo Grande nesta semana com a missão de livrar de vez a ferrovia do ‘fantasma’ de abandono que marcam as concessões modais em MS.
No caso da Malha Oeste, são 10 anos de inativação impactando diretamente o escoamento produtivo de setores importantes como agronegócio e a indústria.
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De acordo com a vereadora Luíza Ribeiro (PT), a ferrovia está parada porque a Rumo Malha Oeste S.A., que é a concessionária, não cumpriu adequadamento o contrato da concessão iniciado em 1996. “Inclusive, ela levou multas, tanto do Tribunal de Contas da União, como levou multas de contratos que ela não cumpriu, recentemente com a Suzano, inclusive”, afirmou.
A parlamentar destacou que a audiência proposta para debater a reativação da ferrovia tem como propósito colaborar com a tomada de decisão no futuro da ferrovia.
“É uma vantagem você fazer a concessão, desde que a concessionária cumpra, porque a outra concessionária da rodovia BR-163 [Motiva Pantanal (antiga CCR MS Via)] não cumpriu as metas, como esta da ferrovia também não cumpre”, alfinetou.
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A audiência pública na Capital foi uma oportunidade após o TCU deliberar decisão terminativa, afirmando a impossibilidade fatiação da ferrovia concedendo para algumas empresas e fazer a rebitolagem.
Bitolagem é a distância entre os faces internas de dois trilhos de uma via férrea. Essa medida é crucial para garantir que as rodas dos trens se encaixem perfeitamente nos trilhos, permitindo sua circulação segura.
“Até o mês de maio, nós estávamos aguardando o Tribunal de Contas da União decidir sobre o pedido da Rumo para ela prosseguir na concessão. Mas, o Tribunal de Contas da União já deu decisão terminativa, dizendo que isso não pode acontecer. E aí, nós vimos a oportunidade de realizar a audiência aqui, já que essa audiência já foi realizada na Assembleia Legislativa, já foi realizada em várias câmaras do Estado, faltava fazer aqui. Como Campo Grande é o centro econômico e político, a gente acha muito importante fazer essa audiência”, afirmou Luiza.
O governador em exercício José Carlos Barbosa, o Barbosinha, comentou nesta semana que o financiamento dos investimentos em ferrovias está sob a disposição de recursos da iniciativa privada. Às vésperas de audiência encomendada pelo PT de Mato Grosso do Sul, que trará o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, para debater a reativação da Malha Oeste em Campo Grande, Barbosinha considera que o Governo Federal não tem dinheiro para bancar rodovias.
“Quem banca ferrovia hoje é a iniciativa privada. Estamos dialogando a ferrovia que integra Três Lagoas a Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo a Inocência”, disse durante lançamento de obras da prefeitura em Campo Grande.
Sobre as falas do vice-governador, que representa Eduardo Riedel durante viagem oficial à Ásia até o dia 15, Luiza atribuiu ao papel das concessões. “Na verdade é o seguinte, as ferrovias, como as hidrovias, como as rodovias, elas grande parte hoje foram construídas com recursos do governo federal, mas elas estão operando por concessões”, disse ressaltando que o Governo do Estado é parceiro na pauta de reativação da Malha Oeste.
A iniciativa liderada pela vereadora Luiza Ribeiro (PT) e pelo presidente da Casa de Leis, Epaminondas Neto (PSDB), atende solicitação do STEFBU (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru e Mato Grosso do Sul), do deputado estadual Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet (PT).
O encontro busca amplo debate com a sociedade civil, incluindo empresários, trabalhadores e gestores públicos, sobre a importância estratégica da retomada da ferrovia para Campo Grande, Mato Grosso do Sul e todo o eixo logístico Centro-Oeste/Sudeste.
A reativação da Malha Oeste é considerada um importante elemento de impulsão econômica para a Capital. Com a retomada do transporte ferroviário, Campo Grande se tornaria um centro logístico nacional, com impacto direto no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e na integração com a Rota Bioceânica, especialmente por possuir compatibilidade de integração com o mercado boliviano.
Assim, a conexão ferroviária com países vizinhos abriria caminho para um novo corredor internacional até os portos do Pacífico.
“Esse é um debate fundamental para o futuro de Campo Grande e do nosso Estado. A reativação da Malha Oeste pode transformar nossa logística, impulsionar a economia, gerar empregos e fortalecer a integração latino-americana. Precisamos unir forças e promover o diálogo entre todos os envolvidos”, destacou a vereadora Luiza Ribeiro.
Além dos vereadores e do ex-ministro José Dirceu, segundo a assessoria de imprensa da Câmara da Capital, também já confirmaram presença nomes que atuam na articulação logística nacional, como:
João Carlos Parkinson de Castro, ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores e coordenador nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos;
Lúcia Maria Mendonça Santos, coordenadora nacional do Setorial de Logística, Transporte e Mobilidade Urbana do Partido dos Trabalhadores;
José Augusto Valente, ex-secretário de Política Nacional de Transportes;
Paulo João Estausia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
Entre as autoridades políticas e administrativas, estarão Vander Loubet, deputado federal por Mato Grosso do Sul; Jilmar Tatto, deputado federal por São Paulo; Zeca do PT, deputado estadual em Mato Grosso do Sul; Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira, secretária de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead).
Outro lado
O Midiamax acionou a Rumo S/A. para se posicionar acerca das manifestações da vereadora Luiza Ribeiro (PT) e aguarda retorno para inclusão na matéria. Caso a empresa retorne à solicitação, o texto pode ser atualizado.
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