
“Ele já enfrentou tantas mortes. Provou que merece a vida”, diz mãe angustiada, por ver o filho sofrer de paralisia cerebral e autismo desde o nascimento. Policial militar aposentada, Lene Assunção Anderson, de 33 anos, mora em Dourados, cidade a 214 quilômetros de Campo Grande, e busca tratamento para o filho na Tailândia. Segundo ela, a chance de cura está em um transplante de células-tronco.
As doenças são sequelas de um nascimento prematuro. Lene relembrou que no dia 27 de janeiro de 2013, com seis meses e meio de gestação, o pequeno Iran Assunção Anderson Martins nasceu. Ele tinha 22 centímetros e 900 gramas. Hoje o menino está com dois anos e oito meses.
“Simplesmente a bolsa estourou, sem dor e nada. Fui ao médico e me disseram que o coração dele [Iran] estava parando e a respiração também. Foram dez minutos, entre estourar a bolsa e ele nascer. Os médicos viam que ele estava morto e disseram para eu me conformar, mas eu disse que dava tempo dele nascer e pedi para tirar. De tanto pedir para recuperarem ele, fizeram o parto, ele nasceu e foi preciso reanimá-lo por 25 minutos, e então ele viveu”, contou a mãe emocionada.
A alegria de ter o filho nos braços era dividida com o desespero de proporcionar uma vida melhor ao pequeno. O tratamento que a criança precisa é caro. Segundo Lene, custear a cura do menino, alimentação, hospedagem e transporte fica em torno de R$ 160 mil.
“Só na Tailândia tem isso, é o único lugar do mundo em que essa técnica é legalizada”, falou.
Ao todo, Lene conseguiu arrecadar R$ 10 mil. A quantia foi adquirida por meio da venda de rifas e camisetas. “Precisamos de muito dinheiro. Existe a cura, mas essa cura custa caro. Hoje o meu filho tem uma chance”, disse a mãe.
Lene relatou que corre contra o tempo para que o tratamento seja bem-sucedido. O trasplante com células-tronco deve ser feito antes do menino completar 3 anos. Iran já está com dois anos e oito meses. "Após três anos, as chances dele falar, andar, são menores", pontuou a mãe.
Apesar das dificuldades, o menino "faz a alegria da família". “Ele fica muito nervoso, porque quer andar e cai, quer falar e não sai a fala. É muita vida que ele tem para ser desperdiçado. Ele é feliz e faz nossa alegria. Se eu visse que ele não esboçasse reação, eu saberia aceitar”, ressaltou Lene.
'Sexto sentido'
Persistência define Lene. Desde que engravidou ela lia sobre casos em que crianças nasciam prematuras e tinham sequelas. Ela explicou que a gravidez dela não era de risco, mas, buscava estudar e se preparar.
“Deus que me iluminou, eu senti que ele [Iran] ia nascer antes do tempo. Esse assunto me atraía, estudar sobre sequelas de bebês que nascem antes do tempo, então comecei a ver sobre isso, viajar e conversar com mães de todo Brasil. Eu não sabia que ele nasceria prematuro, mas meu sexto sentido me disse que ele viria especial”, contou a mulher.
Com o nascimento de Iran as pesquisam se aprofundaram “para achar uma solução”. A mulher buscou possíveis tratamentos para o filho até encontrar um hospital na Tailândia que trata de crianças com o mesmo problema. Para se comunicar com a equipe da unidade de saúde no exterior, a mãe aprendeu inglês.
O filho de Lene passou por uma bateria de exames para que o hospital o avaliasse. “Tem que ter um certo peso e idade para fazer o transplante, além de ser avaliado o estado da criança para ver se o tratamento vai ter efeito. O Iran foi avaliado e ele foi aprovado. Ele foi avaliado por meio de exames e eu enviei tudo para lá”, disse ao G1.
Com poucos meses de vida, Iran precisou fazer uma cirurgia no crânio. De acordo com a mãe, a moleira dele estava se fechando rapidamente. “Eu senti que a moleira do meu filho estava fechada e pedi para os médicos analisarem. Eles não me ouviram, pedi para fazerem uma tomografia e eu estava certa” informou a policial aposentada. “Hoje eles me escutam, depois de duas vezes que eu acertei o diagnóstico, eles me ouvem. É coisa de Deus”, concluiu.
Arrecadações
Rifas, camisetas e a própria casa. Lene faz de tudo para ter dinheiro e tratar o filho. “Minha casa ainda está à venda, cheguei em um limite que a cura dele só vai chegar quando tiver o dinheiro”, disse a mulher.
Uma página na internet foi criada para o menino, nela há informações de como poder ajudar a família.
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