Segundo pesquisadores, crianças em idade escolar que comem para acabar com a tristeza ou raiva, provavelmente, têm um problema de saúde. Sem querer, os pais incentivam

Você oferece comida para acalmar seu filho? Cuidado com esse hábito
Oferecer comida para consolar a criança pode ser prejudicial a ela, revela estudo / Foto: Thinkstock

Quando seu filho está triste ou chateado, você costuma alegrá-lo com um sorvete, um hamburguer ou uma porção de batatas fritas? Saiba que esse hábito, aparentemente infensivo, pode ser mais prejudicial do que você imagina.

Um estudo da Noruega descobriu que crianças em idade escolar que são facilmente consoladas pela comida tinham pais com maior probabilidade de acalmá-los com comida. Ou seja, os adultos podem estar, sem querer, incentivando esse hábito. "Se as crianças são facilmente acalmadas pela comida, estamos mais propensas a alimentá-las porque elas se sentem melhor, o que, por sua vez, nos faz sentir melhor. Se estamos acalmando crianças com comida, não é surpreendente que, como crianças mais velhas e jovens adultos, eles seriam mais propensos a comer quando estão se sentindo mal", explicou Jaime Taylor, especialista no Hospital Beaumont


Você sabe o que é comida de criança?

A nutricionista infantil Karine Costa Durães, especialista em pediatria pelo Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP, explica que a criança também imita os hábitos dos adultos quanto a alimentação. “Se ela está irritada e ganha comida para ficar calma, o recado que ela recebe é que pode acalmar as angústias com a alimentação. E isso  fica, de certa forma, memorizado", disse. Assim, aumentam as chances dela recorrer à comida para continuar resolvendo suas questões e frustrações.

Além do fato de se tornarem adultos que buscam o consolo para os seus problemas na comida, o pesquisador alerta para a qualidade do alimento. "Há risco envolvido porque, quando estamos comendo emocionalmente, com mais frequência vamos àqueles alimentos com calorias densas, que talvez não comamos o tempo todo, ou que nos façam sentir bem", disse. Portanto, entre as consequências, estão o ganho de peso e distúrbios alimentares.

O que fazer, então?
Taylor sugeriu que, em vez de buscar comida para confortar as crianças, os pais prefiram propor passeios ou atividades que possam entreter e afastar a mente dos problemas. Aprender técnicas de respiração ou ouvir música também pode ajudar. Segundo o especialista, é essencial aprender a lidar com as próprias emoções de maneira saudável.

"O trabalho mais importante dos pais ao criarem seus filhos, em todos os aspectos, é modelar o comportamento que você espera que eles adotem. Então, ajudando-os a ver que há outras opções além de comer para administrar a maneira como você se sente", orientou.

É claro que isso não significar abolir, por exemplo, o bolo de uma comemoração. O estudo sugere que moderação é fundamental. "É bom comer bolo, talvez não todos os dias, talvez não quando você está se sentindo pra baixo. Talvez haja outra habilidade de enfrentamento. Mas, certamente, usar comida para celebrações tem sido historicamente algo que fizemos", concluiu.