No estudo, todas as vacinas testadas aumentaram a imunidade contra a covid em algum grau. Os pesquisadores avaliaram o reforço (terceira dose) após duas doses de Oxford-AstraZeneca ou duas doses de Pfizer.

Vacinas Pfizer e Moderna são as mais eficazes para reforço, indica estudo
Enfermeira prepara vacina. / Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As vacinas Pfizer e Moderna usadas como terceira dose proporcionam as melhores respostas gerais de reforço, de acordo com um estudo feito no Reino Unido com sete vacinas diferentes.

No estudo, todas as vacinas testadas aumentaram a imunidade contra a covid em algum grau. Os pesquisadores avaliaram o reforço (terceira dose) após duas doses de Oxford-AstraZeneca ou duas doses de Pfizer.

O estudo justifica a decisão inicial do Reino Unido de usar essas duas vacinas para as doses de reforço.

No Brasil, segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a tendência é que a maioria dos adultos receba o produto da Pfizer como terceira dose (leia mais abaixo).

Os pesquisadores disseram que havia sinais promissores de que os reforços ainda protegem contra doenças e morte causadas pela variante ômicron.

Para ampliar o fornecimento de vacinas, até mesmo meia dose da vacina da Pfizer poderia ser usada para o reforço, acrescentaram.

Acredita-se que os resultados do ensaio tenham levado o Reino Unido a solicitar 114 milhões de doses extras das vacinas Pfizer e Moderna, a serem usadas nos próximos dois anos.

As doses de reforço podem reduzir o risco de infecção em mais de 93%. Tanto no Brasil quanto no Reino Unido foi anunciado que todos os adultos com mais de 18 anos poderão receber uma dose de reforço — enquanto os cientistas tentam descobrir mais sobre a variante ômicron.

No início desta semana, o diretor executivo da Pfizer disse que as doses de reforço contra a covid poderiam se tornar um evento anual.

No estudo com quase 3 mil adultos — liderado pela Universidade de Southampton (Reino Unido) e publicado na revista Lancet — doses de reforço foram aplicadas cerca de três meses após as segundas doses de AstraZeneca ou Pfizer.

De sete vacinas diferentes testadas — incluindo ainda Janssen, Oxford-AstraZeneca, Novavax, Valneva, CureVac —, todas foram consideradas seguras.

As sete vacinas aumentaram a imunidade quando administradas após duas doses de Oxford-AstraZeneca, e seis foram eficazes após duas doses de Pfizer — mas algumas funcionaram melhor do que outras.

No geral, as vacinas de mRNA — Moderna e Pfizer — deram o melhor reforço para anticorpos e células T, que são conhecidos por serem fatores importantes para o bom funcionamento das vacinas, especialmente após duas doses iniciais de AstraZeneca.

As vacinas foram igualmente eficazes em pessoas com mais de 70 e menos de 70 anos.

Os pesquisadores dizem que encontraram uma forte resposta a todas as variantes do vírus, incluindo alfa, delta e a cepa original, e esperam que isso se traduza em proteção contra ômicron também. No entanto, alertam que mais dados serão necessários para descobrir o que isso significa para proteção de longo prazo contra doenças graves.

Em pessoas que receberam duas doses de AstraZeneca, o estudo encontrou um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço com a Moderna e um aumento de 25 vezes após reforço com a Pfizer.

Depois de duas doses de Pfizer, que oferece proteção de linha de base mais alta, as mesmas vacinas aumentaram ao máximo os níveis de anticorpos.

'Encorajador'
O professor Saul Faust, que liderou o estudo no University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, disse: "É realmente encorajador que uma ampla gama de vacinas, usando diferentes tecnologias, mostre benefícios como uma terceira dose para AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech. Isso dá confiança e flexibilidade no desenvolvimento de programas de reforço aqui no Reino Unido e globalmente."

Sobre a proteção contra hospitalização e morte por parte da ômicron, Faust disse que espera que "permaneça intacta" e "seja tratada com as vacinas atuais".

Jonathan Ball, professor de virologia molecular da Universidade de Nottingham, acrescentou que o estudo mostra claramente que "todos os tipos de reforços aumentaram pelo menos um aspecto da imunidade contra a covid".