Número de resgatados é crescente no Estado desde 2017, ao mesmo passo que denúncias dessas violações de direitos subiram, cerca de 66% a mais em relação ao ano anterior.

Trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão aumenta em MS, sendo 121 em 2022
Mato Grosso do Sul registrou 40 casos a mais de trabalho escravo em 2022, em três municípios a mais que em 2021. / Foto: Reprodução/ Arquivo/ Correio do Estado

Dados do Radar do Trabalho Escravo apontam que, o número de trabalhadores encontrados (121 em 2022) em condições análogas à escravidão cresceu eu Mato Grosso do Sul, quarenta casos a mais do que os 81 registrados em 2021. 

Quando contabilizadas as ações em todo o território nacional, o número total de trabalhadores encontrados também saltou 616 casos de um ano para o outro, fechando 2022 com 2.575 profissionais resgatados de trabalho escravo, diante dos 1.959 em 2021. 

Vale ressaltar que, por ainda haver ações em andamento, das ocorridas em 2022, esse total de 2.575 pode ser ratificado no decorrer deste ano, aponta o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).

Importante frisar que, o Radar é um instrumento da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (SIT/MTE). 

Até o momento, o total de trabalhadores encontrados resulta em mais de R$ 8 milhões em direitos trabalhistas a serem pagos.

Perfil dos resgatados
Com base nos dados do seguro-desemprego, pagos ao trabalhador resgatado, é possível traçar que 92% dos resgatados em trabalhao escravo eram homens. 

Números que evidenciam a segregação social, desse total, 80% dos resgatados se autodeclararam negros ou pardos, 15% brancos e 2% indígenas. 

Sendo que quase 30% tinham entre 30 e 39 anos, um dado que chama a atenção é que, segundo relatório, é que 148 resgatados eram migrantes de outros países, o dobro em relação a 2021.

Entre essas nacionalidades estavam: 

• 101 paraguaios,
• 25 bolivianos,
• 14 venezuelanos,
• 4 haitianos e
• 4 argentinos.

Trabalho escravo no MS
Em 2021 foram 81 Trabalhadores - em Condições Análogas à de Escravo - encontrados pela Inspeção do Trabalho, em nove municípios, sendo. 

• Ponta Porã - 32 
• Sidrolândia - 30 
• Porto Murtinho - 30 
• Campo Grande - 28 
• Antônio João - 17 
• Anastácio - 14 
• Caracol - 2 
• Alcinópolis - 1 
• Corumbá - 1 
Já no ano passado, além de três outros municípios aumentarem a região denunciada por trabalho escravo em Mato Grosso do Sul, houve ainda uma inversão na tabela, com Corumbá saindo de última para primeira colocação em 2022. 

Ainda, quando analisada a situação de Mato Grosso do Sul, os casos apontam crescimento desde 2017, quando houveram 20 trabalhadores encontrados e 19 resgatados.  

Através do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, com ações por todo o Brasil, inclusive pelo trabalho das Unidades Regionais, essas operações do SIT acontecem com apoio das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF); com o Ministério Público do Trabalho (MPT); Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública da União (DPU).

Ainda, é possível denunciar trabalho análogo ao de escravo, através do Sistema Ipê - do Ministério do Trabalho e Emprego -, de forma remota e sigilosa, lançado em 2020 em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).