Tiras para medir glicemia para pacientes com diabetes já estão disponíveis em unidades de saúde da rede pública de Campo Grande, mas apenas pessoas em situação de urgência e emergência têm acesso ao material. De acordo com a Associação dos Diabéticos de Mato Grosso do Sul, a falta de tiras nas unidades de saúde de Campo Grande ocorre há pelo menos cinco meses.

O secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, confirmou que o material disponível na rede pública é somente para casos de urgência e emergência. Segundo ele, outros pacientes cadastrados no programa municipal precisam esperar.

O trabalhador autônomo José Sabino tem diabetes e usa as tiras três vezes por dia para medir a taxa de açúcar no sangue. Às 8h desta quarta-feira (13) ele procurou o produto no Centro Regional de Saúde (CRS) do bairro Guanandi. Lá, ele foi informado que a tira é só para caso de emergência e que o produto está em falta há cinco meses.

Em seguida, Sabino procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UBS) do bairro Universitário e outra no bairro Jóquei Clube, conforme orientação do CRS, mas não teve sucesso. Quem não encontra o produto fornecido pelo Sistema Único de Saúde precisa desembolsar, por exemplo, cerca de R$ 90 por uma caixa com 50 tiras.

Segundo a prefeitura, 1.600 pacientes estão cadastrados no programa que distibui as tiras. Ainda conforme o município, foi feito um pedido de compra emergencial para o Centro de Especialidades Médicas (CEM) e o material deve estar disponível próxima semana. Serão 400 caixas. Já no próximo dia 21 de janeiro está prevista outra compra para atender as demais unidades.

Pessoas com diabetes precisam medir a taxa de açúcar no sangue, a glicemia, diariamente. O paciente fura o dedo e, com a tira e um aparelho, e faz a medição. O número indicado no visor determina a quantidade de insulina a ser aplicada. Os valores aceitáveis ficam entre 70 e 150. Alterações nesses números podem causar risco à saúde, como hipoglicemia.

Irregularidades
A prefeitura de Campo Grande afirma que cancelou o leilão de compra das fitas porque suspeita que houve irregularidades na compra dos materiais na gestão anterior. Segundo a Secretaria de Saúde da capital sul-mato-grossense (Sesau), a suspeita de irregularidades surgiu devido a alguns itens que, no mercado são comprados por R$ 0,75, foram orçados em R$ 1,80 na gestão anterior.

Ainda conforme o município, com o cancelamento do pregão, o executivo deixou de gastar R$ 2,9 milhões. Além disso, foi feita uma compra emergencial de tiras e a nova licitação está prevista para este mês.