Solurb promete ampliar coleta, mas catadores terão de esperar 15 dias

A reunião no MPT (Ministério Público do Trabalho) não terminou de forma satisfatória para os catadores de material reciclável na tarde desta terça-feira (22). A CG Solurb até se comprometeu a ampliar o serviço de coleta seletiva para mais 15 bairros e 'aumentar em 70%' a quantidade de resíduos sólidos na UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos). O problema é que para isso serão necessárias pelos menos mais duas semanas.

O prazo é quase um insulto para os catadores, que desde o fim de fevereiro não conseguem levantar 10% da renda diária que obtinham no lixão, já que são apenas quatro caminhões de material reciclável por dia, divididos entre quatro cooperativas; três que já atuavam na UTR antes do fechamento do aterro e a quarta formada pelos catadores. “A retirada do lixo dos caminhões é feita em menos de duas horas. Depois disso não temos mais serviço no dia. Se ao menos pudéssemos ter acesso ao material que vai para o lixão, isso salvaria nossas famílias”, destacou a trabalhadora Eliane Souza Lopes.

Ainda segundo a catadora, a solução poderia ser uma pré-seleção do lixo que entra no aterro, com os caminhões parando na entrada do local, por exemplo, para que os catadores pudessem fazer a separação dos materiais recicláveis. “Como a coleta ainda não passa na cidade toda, muito material vai par ao lixão comum e eles estão simplesmente enterrando o nosso sustento”, disse.

As alternativas levantadas pela trabalhadora seriam para resolver o problema de uma forma mais efetiva, segundo ela, porque a ampliação da coleta seletiva anunciada pela Solurb não seria suficiente para os 400 novos profissionais.

O representante da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) Lairson Palermo chegou a cogitar a hipotese dos catadores receberam uma bolsa reciclagem, como uma garantia de renda enquanto não conseguissem trabalho. O procurador-geral do Município Denir Nantes explicou que eles poderiam ser incluídos no Proinc (Programa de Inclusão Profissional), que garante o direito a um salário mínimo, cesta básica e seguro de vida enquanto não conseguissem uma estabilidade financeira.

A ideia foi descartada por um representante da Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). “Eu creio que não seja o caso de incluir eles no Proinc, porque no caso de inclusão do programa eles precisam ser colocados foram do ambiente de trabalho. Varrendo rua, limpando terminal e assim eles não conseguiriam fazer a coleta”.

Por fim, umas das alternativas mais sustentadas pelos trabalhadores foi a transferência de responsabilidade pela manutenção da UTR da Solurb para os trabalhadores. Assim o repasse de R$ 92 mil mensais seriam divididos entre os catadores. A diretora-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Ritva Vieira disse que 'no momento' os catadores não teriam estrutura e conhecimento para isso, mas não descartou a possibilidade em um futuro incerto.