Investigadores do GOI souberam da “queima' do arquivo, no dia 13 de outubro cinco dias depois do corpo de Márcia ser encontrado.

Dentre os comportamentos “duvidosos', que colocaram a investigação do assassinato de Márcia Catarina Lugo Ortiz, 57, no rastro de Carlos Fernandes Soares, de 33 anos, um deles chamou bastante a atenção de investigadores do GOI (Grupo de Operações e Investigações). Três dias após a descoberta do assassinato, o suspeito de envolvimento no crime mandou apagar o DVR contendo as imagens das câmeras de segurança do lava-jato que pertence a ele.
Investigadores do GOI souberam da “queima' do arquivo, no dia 13 de outubro cinco dias depois do corpo de Márcia ser encontrado, quando foram ao estabelecimento atrás de Carlos, depois que naquela manhã, o suspeito havia revelado a uma familiar da vítima que “testemunhou' o homicídio.
Conforme apurado no lava-jato, no dia 11, Carlos pediu ajuda em grupo de WhatsApp para contratar alguém que “mexe com câmera de segurança' e pouco tempo depois de enviar a mensagem, técnico esteve na empresa para “sumir' com as imagens do equipamento.
Policiais do GOI também estavam atrás do veículo, um Toyota SW4, onde a vítima embarcou na última vez que foi vista com vida. O carro foi localizado em uma tapeçaria e já havia passado por conserto na lataria. Os dois serviços foram contratados pelo suspeito, também de acordo com informações levantadas pelos policiais.
Embora o estofado do veículo já estivesse arrumado, a equipe descobriu que o automóvel foi levado para a oficina porque banco estava com “furo', provavelmente provocado por tiro. A SW4 passou por perícia.
Sumiço de celular – Márcia Lugo foi encontrada morta pouco mais de 12 horas após desaparecer. Com o corpo, que estava debaixo de ponte sobre o Córrego Imbirussu, na BR-262, não havia celular ou documentos, apesar de nas imagens de câmera que filmou a mulher voltando a pé para casa, na noite do dia 7 de outubro, ela aparecer com bolsa pendurada no ombro.
O celular da vítima sumiu. No dia 8, o rastreador já estava desligado e o aparelho havia sido “resetado', uma vez que não era possível encontrar dados nem da última localização.
Outro dado intrigante, desvendado pela força-tarefa policial, foi que pertences de Márcia Lugo foram descartados em duas lixeiras de banheiro masculino em shopping da Capital. Duas carteiras, com documentos pessoais dela, e cartões de banco foram encontrados no dia 9.
Versão do investigado - Encarcerado desde o dia 15, por força de mandado de prisão temporária, Carlos sustenta, para a família da vítima e para a polícia, versão digna de filme. Ele alega que Márcia, a quem chama de “tia', por consideração, foi morta ao defendê-lo de homem que trabalha como cobrador de agiota e que depois de testemunhar a execução, foi raptado por dupla, assistiu à desova do corpo e só não revelou nada sobre o crime a ninguém, porque estava sob constante ameaça.
Mas, antes de fazer revelações para parente da vítima, o “sobrinho' tentou direcionar o foco das investigações para o marido da vítima, Guilherme Yarzon Ortiz, 66, que é policial civil aposentado.
Conforme relatado por Carlos ao Campo Grande News, na semana em que foi encontrada morta, a dona de casa estava seguindo o marido atrás de “provas' de que ele colecionava amantes. A intenção de Márcia seria expor a infidelidade do marido e anunciar a separação à família depois do aniversário dela, no dia 11 de outubro, o que poderia ser um motivo para matá-la.
Além das atitudes suspeitas, o empresário “fugiu' de todas as tentativas de contato feitas pela polícia, conforme registrado em relatório do GOI. Era interesse dos investigadores entrevistá-lo como testemunha, uma vez que Carlos foi apontado, por mais de uma pessoa que conhecia a vítima, como alguém de extrema confiança e confidente de Márcia.
A defesa do “sobrinho' argumenta que o cliente “é vítima e não um suspeito de ter cometido o crime de homicídio de Márcia Lugo'. No pedido de revogação da prisão, o advogado Matheus Machado Lacerda alega ainda que Carlos está colaborando com as investigações, uma vez que além de prestar depoimento, entregou o celular à polícia para comprovar sua versão e participou de reprodução simulada dos fatos que narrou.
Lembrou que o cliente, a quem trata como “testemunha-chave', só não havia procurado a polícia antes, porque estava sendo ameaçado.
Nesta terça-feira (20), o Ministério Público de Mato Grosso do Sul opinou pela manutenção da prisão de Carlos por 30 dias, para garantir o bom andamento do inquérito policial. Falta agora juiz analisar pedido da defesa e parecer do MPMS para dar decisão.
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