Senadores prometem subir o tom se Dilma extrapolar
Senador Aécio Neves (PSDB) e Ronaldo Caiado (DEM) no primeiro dia de julgamento do impeachment - 25/08/2016 / Foto: Reuters

Brasília – Característica incomum nos primeiros dias do julgamento final do impeachment, a calmaria prevalece nos corredores do Congresso neste domingo (28). O silêncio foi interrompido pelo encontro de líderes e senadores da base aliada ao governo interino de Michel Temer na liderança do PSDB.

Após reunião de quase duas horas para afinar estratégia para a inquirição da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) nesta segunda-feira (29), líderes definiram que é preciso manter a calma para que a petista não saia “vitimizada” do julgamento final.

Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Álvaro Dias (PV-PR), José Agripino (DEM-RN), Waldemir Moka (PMDB-MS), José Medeiros (PSD-MT), José Anibal (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Ana Amélia (PP-RS), Dalirio Beber (PSDB-SC), Paulo Bauer (PSDB-SC), Lasier Martins (PDT-RS) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) participaram da reunião. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbasshay (PSDB-BA), também estava presente.

De acordo com Agripino, ”até o exaltado Caiado se comprometeu a ficar mais controlado e disse que não cairá em provocações”.

Apesar disso, os líderes da base governista destacaram que serão “reativos” ao tom da petista. Ou seja, “se Dilma extrapolar”, vão subir o tom.

“Vamos fazer perguntas técnicas, mas quem vai dar o tom do interrogatório é a presidente afastada”, disse Caiado antes da reunião.

No mesmo sentido, Moka também prometeu autocontrole na sessão que deve ser considerada o principal capítulo do julgamento final. É a primeira vez que Dilma comparece ao plenário na condição de ré.

“Eu também tenho o pavio curto. Mas já falei com o Caiado, vamos ter que ter paciência porque eles vêm aqui amanhã para fazer um show”, disse Moka.

Aécio destacou que o objetivo será fazer perguntas técnicas sobre os decretos e as chamadas “pedaladas” que embasam o pedido de impeachment.

“É natural que haja uma contextualização de como chegamos aqui, mas a orientação é de que vamos, sempre que possível, nos ater a questões técnicas, formais dos crimes cometidos, seja em relação aos decretos fraudulentos ou aos empréstimos também fraudulentos”, afirmou o tucano.

Em um momento de sua fala, Caiado, que teve embates com Lindbergh Farias (PT-RJ) nas duas primeiras sessões do julgamento, admitiu que eventuais provocações serão respondidas à altura.

“A cada ação corresponde exatamente uma reação. Na minha região tem uma frase que diz: 'O risco que corre o pau, corre o machado'”, disse o líder do DEM, arrancando risos da imprensa.

Mais tarde, aliados de Dilma se reunirão na casa da senadora Lídice da Mata (PSB-BA). O objetivo do encontro é definir uma estratégia que possibilite “virar o jogo” na reta final do julgamento.