Pecuaristas dizem que acesso dificil prejudica ano que já está ruim; Prefeitura afirma estar "quebrada" e tenta recursos para substituir 174 pontes de madeira

Sem ponte, fazendeiros "ficam ilhados" e sentem ainda mais a crise

Famosa pela instabilidade, a 'Ponte do Riozinho' desabou em janeiro de 2016 após enchentes que elevaram o nível do Rio Taquari Mirim, na região de Rio Verde de Mato Grosso, a 207 km de Campo Grande. Em meio à crise no setor da pecuária, proprietários rurais desesperam-se. Ao buscar diálogo junto à Prefeitura, ainda assim, encontram a mesma situação: o Prefeito, Mário Alberto Kruger (PSDB) declara época de 'vacas magras' na administração, e já acionou até o Banco Mundial para buscar recursos.

A ponte, conforme explicaram os produtores rurais, conecta à BR-163 à Colônia Paredes, em Rio Verde. A região é antiga e marcada por diversas propriedades rurais. A questão, no entanto, é apenas a ponta do Iceberg: 174 pontes de madeira representam o escoamento para produtores rurais e precisam de substituição por estruturas de concreto.

Setor em crise

Com a crise política de 2017, que teve a corporativa JBS Foods como uma das protagonistas, pecuaristas relataram que a falta de estrutura une-se à um ano "difícil". Conforme a SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul), os frigoríficos do grupo no Estado abateram, em setembro, 80.436 bovinos. O número é 39% inferior ao de agosto, quando foram abatidos 111.928 animais.

"Está muito difícil, tem muita coisa que fica quase impossível de fazer na fazenda, o acesso é difícil, vai fazer dois anos que desabou com a chuva. Tudo se torna mais difícil, mais custoso. Esse ano de 2017 foi tudo complicado, aqui do lado tem um cara que quer plantar soja também, e sem essa ponte não tem como trabalhar. É caminhão que vai sair toda hora", contou o gerente e sócio da Fazenda Morro Azul, José Reinaldo Memck, 60.

Vitorino Martos Fonseca, outro proprietário da região, afirma "sofrer" menos do que os vizinhos, já que as atividades na propriedade "são menores". O dono da Fazenda Porteiro declarou, ainda assim, que acompanha a dificuldade dos pecuaristas, que pedem socorro.

"Para quem tem propriedade para embarcar gado é muito complicado, a minha trabalha pecuária, não sou eu o mais prejudicado, são os vizinhos. Mas eu não posso ter acesso até a minha propriedade, e estou vendo as pessoas. O outro dia mesmo eu precisei de um cascalho, pra consertar", afirmou. Os fazendeiros declararam já terem buscado a administração de Rio Verde para auxiliar na construção.