Deputado estadual Coronel David pode ter apoio de Bolsonaro para ser candidato a prefeito em partido novo.

Sem Bolsonaro, PSL terá de provar que é bom de voto na disputa pela Capital
Assim como foi em 2016, Coronel David deve ser o nome de Bolsonaro nas urnas da cidade. / Foto: Luciana Nassar / Alems

O primeiro teste do potencial eleitoral do PSL em Campo Grande será na disputa pela prefeitura e vagas na Câmara Municipal no pleito de outubro deste ano, quando terá oportunidade de provar que seu desempenho nas eleições passadas não foi fruto da onda que varreu o País em 2018 e levou ao comando da nação o então deputado federal Jair Bolsonaro, que obteve por aquele partido, no segundo turno, 57 milhões, 797 mil e 84 votos, contra 47 milhões, 40 mil e 96 votos de seu adversário Fernando Haddad, do PT. A antiga sigla do agora presidente elegeu em Mato Grosso do Sul uma senadora, dois deputados federais e dois deputados estaduais (ambos os mais votados entre os 24 que conquistaram mandato).

A realidade, para as próximas eleições, porém, apresenta um novo quadro político. Nas eleições deste ano, Jair Bolsonaro não será o expoente do PSL, uma vez que se desfiliou do partido e, inclusive, trabalha na criação da Aliança pelo Brasil. 
Em Mato Grosso do Sul, a estruturação da nova agremiação partidária está sob a coordenação do deputado federal Dr. Luiz Ovando (PSL), que segue fiel ao presidente, assim como o deputado estadual Coronel David. Ambos, aliás, foram alijados do partido – praticamente tão logo os resultados de 2018 foram proclamados – em ação orquestrada pela senadora Soraya. A parlamentar, também em nível nacional, preferiu, assim como o deputado federal Loester Trutis, ficar do lado do presidente nacional do partido, deputado federal Luciano Bivar, que rompeu com Bolsonaro.

Soraya aposta no nome do deputado estadual Capitão Contar para a Prefeitura de Campo Grande, um novato na política que foi o mais votado para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, com 78.390 votos, e que defendeu na campanha eleitoral os mesmos temas do então candidato a presidente Jair Bolsonaro. Se for o escalado, como tudo indica, para o embate de olho na principal cadeira do Paço Municipal, hoje ocupada pelo prefeito Marcos Trad, será ele, portanto, o responsável em provar que o grupo a qual pertence – a chamada “Turma do Bivar” – tem luz própria ou se surgiu no cenário político (Soraya, Trutis e Contar cumprem o primeiro mandato) na sombra de Jair Bolsonaro.

APOIO

A “turma do Bivar” sabe que, por motivos óbvios, o presidente Jair Bolsonaro estará distante do palanque do candidato do PSL, seja porque já saiu do partido, seja porque não fará nenhum esforço para fortalecer a base política de Bivar – que foi candidato a presidente da República em 2006 (sem sucesso) e que pode se fortalecer para o futuro – e, assim, precavendo-se para as eleições de 2022, quando estará em jogo novamente o comando do País, dos estados, vagas no Senado (uma por Estado), cadeiras na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas.

Caso a oficialização de seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, não ocorra para disputar as eleições, o presidente Jair Bolsonaro deve apoiar candidatos de outros partidos. Em Campo Grande, poderá ser o deputado Coronel David, o segundo nas últimas eleições no Estado, quando obteve 45.903 votos, e que se prepara para deixar o PSL. Bolsonaro é amigo pessoal do parlamentar, a quem demonstra apreço por este ter sido quem empunhou a bandeira de sua candidatura em Mato Grosso do Sul, onde obteve 872.649 votos (segundo turno), contra 465.025 do petista Fernando Haddad.

Em Campo Grande, Bolsonaro recebeu 337.170 votos, um desempenho considerável, pois representou 71,27% dos votos válidos, enquanto o seu adversário Haddad teve 135.939 votos, ou 28,73% do total. Nos meios políticos, o que se fala é que se o Coronel David for candidato a prefeito com o Aliança pelo Brasil ou por outra agremiação (o parlamentar tem recebido convites de outros partidos), deverá ter em seu palanque a presença do presidente Jair Bolsonaro.

DIVERGÊNCIAS

Mesmo a senadora e presidente do PSL-MS, Soraya Thronicke, afirmando que Capitão Contar deve ser o nome do partido para concorrer à eleição, o deputado estadual já declarou que a intenção é seguir com Jair Bolsonaro para o Aliança.