Santa Casa em Campo Grande revive caos com greve no Regional e crise no HU

A Santa Casa de Campo Grande passa por situação caótica com quartos superlotados e dezenas de pacientes instalados em macas, principalmente no Pronto Socorro. O problema se agravou após o início da greve que interrompeu o atendimento no Hospital Regional e com o acirramento da crise financeira do HU (Hospital Universitário), que não tem recursos nem para comprar materiais básicos e, desta forma, teve que suspender cirurgias eletivas e de emergência. 

"A cena é desoladora. Lembra uma situação de calamidade provocada por uma tragédia ou uma epidemia, mas acontece que não é o caso de Campo Grande. Essas pessoas estão ali em macas, quase amontoadas, porque não há vagas em outros hospitais. E a Santa Casa cumpre seu dever de atender da melhor maneira possível, só que é visível o esgotamento físico dos funcionários, que trabalham três ou quatro vezes mais do que o normal para dar conta de tudo, e do próprio hospital que já extrapolou em muito seu limite", observou o deputado estadual Felipe Orro (PSDB), que acompanhou diretores da Santa Casa em vistoria pelos principais setores.

O Hospital Regional está com o atendimento paralisado desde o dia 6 devido à greve dos médicos, que pleiteiam reajuste nos plantões. Na mesma semana o HU anunciou suspensão das cirurgias por falta de recursos para comprar medicamentos e materiais básicos de uso no centro cirúrgico. Com isso a demanda na Santa Casa - que já vinha trabalhando no máximo de sua capacidade - aumentou muito e tende a piorar. 

O deputado conversou com o presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), Esacheu Nascimento, e com diretores do hospital. A ABCG é a entidade mantenedora e responsável pela gestão da Santa Casa. Felipe esteve no Pronto Socorro e no quinto andar, onde funcionam as unidades de terapia intensiva. Ficou impressionado e comovido com o que viu. 

"Estou aqui para ajudar. Soube da situação e preferi vir e conferir o que está se passando, ouvir dos funcionários, dos médicos e dos pacientes, que são os que mais sofrem. De um lado está o profissional tentando cumprir seu dever, fazer o que precisa e quer que seja feito, de outro o doente e seus familiares que têm na Santa Casa um refúgio seguro, apesar das dificuldades. Essa é a triste realidade da Saúde Pública de nossa cidade", desabafou o parlamentar.

Com mais de 2,7 mil funcionários diretos, além de serviços terceirizados, a Santa Casa é o maior hospital conveniado ao SUS do Estado e exibe números robustos de atendimento e problemas na mesma proporção. No ano passado realizou 66 mil atendimentos de urgência e emergência, 31 mil cirurgias, 170 mil exames e acolheu uma média de 20 mil pacientes por mês. 

Claro que sua estrutura não suporta toda essa demanda. O arranjo que acontece é o de sempre: superlotação. O setor Área Verde do Pronto Socorro (onde ficam os pacientes considerados menos grave), trabalha com lotação 400% acima de sua capacidade. Mesma situação do setor de Pré-Ortopedia. A Área Vermelha (pacientes mais graves) está com 250% da lotação. 

"A Santa Casa assume a obrigação que é do poder público, de prover a saúde. O município não tem um Pronto Socorro, tudo cai aqui. Doentes de todo Estado são trazidos para cá", reclama Nascimento. Ele fez um apelo a Felipe Orro para que intervenha junto ao governo do Estado e à Prefeitura na busca urgente de uma solução para o problema. O deputado se comprometeu a conversar com o governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Saúde Nelson Tavares. "Confio no bom senso do governador e do prefeito, jeito tem, basta ter boa vontade", afirmou.