Na última semana, duas onças-pintadas foram encontradas mortas com possível envenenamento de agrotóxicos.

Risco de extinção cresce com ataques e mortes de onças em MS

A descoberta da morte de duas onças-pintadas na região do Pantanal, em Corumbá, por um possível envenenamento de agrotóxicos causou uma preocupação em entidades que cuidam da vida dos animais e atuam em Mato Grosso do Sul. Considerado um novo inimigo, a onda de envenenamento pode ser um fator sério para o risco de extinção da espécie.

Uma das onças quem foram mortas era monitorada de perto desde maio deste ano pelo Instituto Reprodução para Conservação. Os pesquisadores não somente encontraram as carcaças das onças, mas também de outros animais - a suspeita de envenenamento cresceu ao perceberem que até moscas foram mortas.

Dessa maneira, a Panthera, entidade fundada em 2014 para a preservação dos felinos selvagens brasileiros, pretende realizar estudos na região e acompanhar a investigação do IBAMA e da Polícia Federal no caso.

Leonardo Avelino Duarte, presidente da entidade, explica que haverá uma monitoramento amplo destes casos no país e verificar se houve casos semelhantes e determinar uma causa específica das mortes. "Se for o caso de agrotóxicos iremos fazer o levantamento das regiões onde houve mortes semelhantes e cobrar, judicialmente inclusive, providências dos órgãos de controle”.

Classificada como vulnerável no cenário da espécie que vive no Pantanal, Leonardo salienta que a situação de extinção pode se agravar com mais casos como este que ocorreu em Corumbá.

“As mortes de onças no Pantanal se devem por retaliação (mortes em fazendas, por exemplo) e caça ilegal aliadas ao avanço da agropecuária. Se os agrotóxicos de plantações também estiverem nessa equação logo teremos a extinção das onças no Pantanal”, alerta.

Além da Panthera, o site Biofaces, que reúne os principais projetos de pesquisa e preservação animal do País, também estuda ações para o caso das mortes das onças em Corumbá. Recentemente, o Biofaces patrocinou ações judiciais para que o Governo do Estado suspendesse obras em rodovias sem a devida proteção à fauna da região.

Em ação, foi solicitado ao Ministério Público a intervenção nos processos de licitações de obras nas rodovias MS-382 e MS-477. Estudos realizados pelas entidades apontam que a realização das obras pode gerar uma grande mortandade da fauna local, além de aumentar exponencialmente a probabilidade de graves acidentes envolvendo motoristas e animais silvestres.

Na ação, foi citado que estudo realizado pela ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) em parceria com o INCAB/IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) aponta que nos 224 km da rodovia MS-040, entre Campo Grande a Santa Rita do Pardo, foram registradas 1.924 mortes de animais silvestres no período de fevereiro de 2017 e janeiro de 2020.