Crime de tentativa de homicídio foi desclassificado, e o réu foi condenado por disparo de arma de fogo em local habitado e porte ilegal de arma de fogo

Geneis de Matos Cabral foi condenado a quatro anos no regime aberto por atirar e atropelar o motoentregador André Luiz da Silva Almeida, no bairro Coophavila II, em Campo Grande.
O gerente comercial, de 49 anos, foi julgado nesta quinta-feira (17) pelo crime ocorrido em março do ano passado. Em julgamento, ele negou o crime e alegou ter assumido a autoria antes por conta de uma dívida com o outro réu, Elias da Silva Maldonado, de 36 anos, morto a tiros em julho de 2024.
Durante o júri popular, a defesa do réu pediu pela desclassificação de tentativa de homicídio para outro crime não doloso contra a vida. A tese foi acolhida pelo Conselho de Sentença, que condenou o gerente comercial por disparo de arma de fogo em local habitado e porte ilegal de arma de fogo.
Assim, conforme sentença assinada pelo juiz de Direito, Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Geneis foi condenado a 4 anos de reclusão e 20-dias-multa no regime aberto.
Júri popular
Em depoimento na 1ª Vara do Tribunal do Júri, o gerente comercial alegou que precisava de dinheiro emprestado e foi convencido por Elias a confessar.
O outro réu estava em liberdade condicional, mas deveria colocar tornozeleira eletrônica nos dias seguintes ao crime. Por medo de voltar à prisão, Elias pediu que Geneis assumisse a autoria sozinho.
O Elias me procurou uns dias depois do acontecido. Eu já tinha visto nas mídias [jornais] o vídeo da caminhonete passando por cima. Quando eu conheci ele, eu precisei de um dinheiro emprestado e o Elias me ajudou. Eu estava sem condições de pagar e ele falou: ‘Estou precisando aí que você me salve agora, porque eu fui preso recentemente por porte de arma e está para vir a minha tornozeleira. Se eu for responsável por esse incidente a mais, eu vou perder o meu benefício’”, relembra o gerente comercial.
“Eu fui com ele lá na 6ª DP [Delegacia de Polícia] para fazer o depoimento, e aí foi que eu falei aquilo [confissão do crime], mas eu não estava presente, até porque na data do crime eu trabalhava das 7 da manhã às 9 da noite. Então, não tinha como eu estar no local”, completou.
Motoentregador vítima de tentativa de homicídio diz ter vivido momentos de terror
O motoentregador André Luiz da Silva Almeida contou em depoimento que voltava de uma entrega quando a caminhonete Toyota Hilux, que era dirigida por Elias, bateu levemente contra a motocicleta da vítima.
“Eles passaram sem falar nada, sem pedir desculpa, como se realmente não tivessem me visto. Fiz a volta atrás deles para tirar uma foto da placa, para poder ver o que eu podia fazer depois, porque a moto começou a fazer barulho no para-lama traseiro”, rememora André.
Ao verem a vítima, os réus teriam iniciado a perseguição. Elias jogou a Hilux em cima de André, que caiu. Geneis teria efetuado pelo menos seis disparos.
“Eles vieram atrás de mim e subiram a rua atirando. Eu entrei numa outra rua e escorreguei. E passaram na caminhonete por cima de mim e atiraram mais uma vez. Eu levantei e corri e efetuaram mais um disparo, subi a rua correndo, olhei para trás, tinham duas pessoas na rua, e ouvi mais dois disparos, e aí eu não parei mais de correr”, detalhou André.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 9 de março de 2024, no bairro Coophavila II, região sul da Capital. Geneis e Elias se envolveram em um acidente com a vítima na Avenida Gunter Hans, que passou a filmar os dois.
Em seguida, iniciaram uma perseguição a André. Geneis atirou contra ele, que caiu da motocicleta no cruzamento das ruas dos Crustáceos com Marambaia. Elias tentou atropelá-lo, mas André conseguiu desviar. Ele conseguiu fugir, e os autores também deixaram o local.
Em julho de 2024, Elias foi morto a tiros. O crime também foi no Coophavila II, quando Elias e a esposa foram surpreendidos por uma dupla, que disparou diversas vezes. Ele tinha outras passagens policiais, e por conta da morte, a Justiça já havia extinguido a pena neste caso.
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