Gaeco prendeu 18 no dia da operação. Agora são dois que conseguiram habeas corpus e dois continuam foragidos

Responsável por tentar tomar jogo do bicho em Campo Grande sai da cadeia
Operação Successione é um desdobramento da Omertà, que desmontou esquema de jogo do bicho em Campo Grande. / Foto: (Foto: Pietra Dorneles, Jornal Midiamax)

Um dos 18 presos na última operação policial contra o jogo do bicho, Franklin Gandra Belga, obteve habeas corpus para deixar a prisão em Campo Grande. Ele terá de cumprir medidas cautelares e entregar o telefone celular.

Em 25 de novembro, o Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul), com o apoio da PMMS (Polícia Militar de MS), cumpriu 27 mandados de busca e apreensão e 20 de prisão na quarta fase da Operação Successione.

A investigação apontou que Franklin foi quem sugeriu à família de Roberto Razuk — apontado como um dos líderes do esquema — restabelecer o jogo do bicho na Capital. 

 

Na decisão da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias de Campo Grande, ele fica proibido de sair da cidade, comunicar-se com outros investigados e testemunhas e deve entregar o aparelho celular ao Gaeco. O descumprimento pode levar à decretação de nova prisão preventiva.

Além de Franklin, quem também obteve habeas corpus foi Roberto Razuk. Ele foi para prisão domiciliar em razão das condições de saúde.

Gaeco deflagra quarta fase da Operação Successione

Na terça-feira, 25 de novembro de 2025, o Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) deflagrou a quarta fase da Operação Successione, contra uma organização criminosa que explora jogos ilegais.

Foram cumpridos 18 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã. Alvos também foram identificados no Paraná, em Goiás e no Rio Grande do Sul.

Em dezembro de 2023, o Gaeco identificou que o grupo tentou assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande, após a derrocada da família Name na Operação Omertà, em dezembro de 2019.

O deputado estadual Neno Razuk (PL) — filho de Roberto Razuk — é apontado pelos promotores como líder da organização criminosa que contava com policiais militares como ‘gerentes’ do grupo que controlava o jogo do bicho no Estado.

Roberto Razuk foi apontado pelo Gaeco como antigo chefe da operação do jogo do bicho na região sul de MS. Até a década de 1990, o esquema em todo Mato Grosso do Sul era liderado por Fahd Jamil, também alvo da Successione em fases anteriores.

Fahd deixou o comando da organização criminosa e dividiu a operação em duas frentes: a região de Campo Grande ficou com Jamil Name e a região de Dourados e Ponta Porã passou para Roberto Razuk. O antigo líder ficou distante, mas manteve influência, como mostrou reportagem da revista Piauí, em dezembro de 2024.

Gaeco cita planos de família Razuk e expansão dos ‘negócios’

A organização criminosa baseada em Dourados que explorava o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul tinha planos de expandir a operação ilegal, conforme a denúncia que levou à prisão 18 pessoas investigadas na quarta fase da Operação Successione. Do grupo, apenas Roberto Razuk conseguiu prisão domiciliar.

Na decisão da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias de Campo Grande, os promotores voltam a citar o deputado estadual Neno Razuk (PL) como líder do esquema, e que ainda buscava expandir os “negócios” para além da região de Dourados.

A juíza cita que o MP descobriu que outros filhos de Razuk, Jorge e Rafael, levaram as apostas para a internet. Jorge teria aberto um site para o jogo do bicho, enquanto Rafael é sócio em uma bet.

O empresário Willian Ribeiro de Oliveira, influente em Goiás, foi escalado pelo clã Razuk para estudar a possibilidade de expandir os “negócios” para o estado vizinho, até mesmo antagonizando o poderoso grupo do famoso bicheiro Carlinhos Cachoeira, que foi personagem de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional em 2012.

Ao decretar a prisão preventiva, May Melke cita, ainda, que os Razuk estariam em atividade desde 2021 para ocupar o vácuo deixado pela família Name, que explorava o jogo do bicho na Capital e foi “derrubada” pela Operação Omertà, em 2019.

Veja a lista completa de alvos:

  1. Roberto Razuk, empresário e ex-deputado estadual
  2. Rafael Godoy Razuk, filho de Roberto
  3. Jorge Razuk Neto, filho de Roberto
  4. Sérgio Donizete Balthazar, empresário
  5. Flávio Henrique Espíndola Figueiredo
  6. Jonathan Gimenez Grance (“Cabeça”), empresário 
  7. Samuel Ozório Júnior, comerciante
  8. Odair da Silva Machado (“Gaúcho”)
  9. Gerson Chahuan Tobji
  10. Marco Aurélio Horta, chefe de gabinete de Neno Razuk
  11. Anderson Lima Gonçalves, sargento da Polícia Militar de MS
  12. Paulo Roberto Franco Ferreira
  13. Anderson Alberto Gaúna
  14. Willian Ribeiro de Oliveira, empresário
  15. Marcelo Tadeu Cabral, empresário e suplente de vereador em Corumbá
  16. Franklin Gandra Belga
  17. Jean Cardoso Cavalini
  18. Paulo do Carmo Sgrinholi 
  19. Willian Augusto Lopes Sgrinholi

Rhiad Abdulahad, advogado

Dos 20, dois estão foragidos: Flávio Henrique Espíndola Figueiredo, de 36 anos, e Gerson Chahuan Tobji, de 48 anos. 

A operação resultou na apreensão de R$ 274,9 mil em espécie, € 1,06 mil em euros e diversas folhas de cheque, evidenciando o expressivo poderio financeiro da organização criminosa. Também foram recolhidas duas armas de fogo, munições, dezenas de máquinas do jogo do bicho, além de documentos, anotações, notebooks e celulares utilizados nas atividades ilícitas.