Reduto do Cerrado, área espera há nove meses para receber público

Reduto do Cerrado na região Norte de Campo Grande, o Parque Matas do Segredo recebeu investimento de R$ 3,9 milhões e nova estrutura em abril do ano passado. Contudo, o local, com bioma tipico de Mato Grosso do Sul, segue fechado ao público em geral.

Segundo Ana Cristina Bergler, gestora do parque estadual, ainda não foi publicada a portaria de uso público. “Mas creio que no máximo até março esteja publicada. O uso público ainda está em estudo, as normas, o regulamento”, afirma. Em princípio, a visita deve ser agendada, a exemplo do Parque Estadual do Prosa.

O funcionamento deve ser de terça a sexta-feira, mediante agendamento para explorar as trilhas. “Tem que priorizar a segurança, não adianta abrir para a população andar lá dentro e depois não saber voltar”, diz a gestora. Contudo, ela lembra que o entorno do Prosa é em área menos habitada e o plano do Matas do Segredo precisa considerar a vizinhança: os moradores do Jardim Presidente, região do Nova Lima.

A portaria deve ser publicada pela Semade (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico).

Com fachada de residencial, cercado por muro na área habitada e por grades no restante, o parque de 117 hectares abriga a nascente do córrego Segredo. O local também é sede do projeto Florestinha, realizado pela PMA (Polícia Militar Ambiental), que atende 60 meninos, na faixa etária de 7 a 16 anos, no período matutino.

Se no passado o parque era fonte de medo pelos incêndios que rondavam os imóveis, hoje é motivo de curiosidade para a diarista Rosa Maria de Oliveira, 65 anos. Ela mora perto do parque há 20 anos e recorda que já teve que sair de casa para fugir do calor das chamas. “Só fui lá uma vez depois da reforma. Achei que era para andar, passear. Mas não vejo ninguém indo lá não”, conta.

A expectativa era de um local de recreação para os oito netos. “Para a gurizada correr, brincar. Tem domingo que passa o dia trancada em casa”, conta Rosa.

A estudante Alaine Yasmin Félix dos Santos, 14 anos, espera que o projeto Florestinha também atenda meninas. Desde a inauguração, ela conta que foi ao parque uma vez, quando uma capivara entrou na casa da vizinha e elas buscaram auxílio com a PMA.

Lixo e fogo – Na parte habitada, o muro isola o parque das residências. No restante, o vizinho é o lixo. Sofás, pedaços de madeira, pneus e lixo eletrônico se acumulam ao redor do Matas do Segredo. Parte do material foi queimada e está recoberta de cinzas.

“O motivo de fazer o muro no entorno das casas foi para dar segurança. Uma prevenção contra incêndio. Jogavam muito lixo dentro do parque. Foi vivência durante muitos anos. O fogo vinha para cima das casas mesmo. Muito sufoco”, relata a gestora Ana Cristina Bergler.

Segundo ela, no ano passado houve focos de incêndio nos fundos do parque. Os guardas fazem a vistoria diariamente e o período crítico vai de junho a outubro.