Que mais de 60% do corpo humano é água não chega a ser novidade. Mas, a diferença que o tratamento adequado dado a ela, antes e depois do uso, faz toda a diferença, é algo que Campo Grande vem conhecendo de forma efetiva só recentemente: em dez anos, o avanço da rede de esgoto na cidade fez desabar o número de internações hospitalares relacionadas à falta de saneamento básico.

Atualmente, 85% da rede coletora e de tratamento de esgoto está implantada e funcionando, de acordo com a Águas Guariroba, concessionária do setor. O objetivo é de que até 2025 o atendimento à população chegue em sua totalidade, por meio do programa Sanear Morena, lançado em 2006. 

Segundo o gerente de engenharia da Águas Guariroba, Kamilo Reis, em 2003, ou seja, antes do início do programa, a taxa de internações para cada 100 mil habitantes, era de 157 e esses números caíram para 22,2 em 2013, após a implantação do programa.

"À medida em que realizamos a ampliação da rede de tratamento e coleta de esgoto, houve uma redução no número de internações por questões diarreicas ou doenças relacionadas aos problemas hídricos. Ao expandir o sistema oferecemos uma qualidade de vida para a população", diz.

Kamilo ainda explica que em 2003 apenas 47 mil imóveis eram atendidos pela rede de esgoto. Em 2014 este total subiu para 224.948.

Em Campo Grande, todo o esgoto coletado pela concessionária é tratado e o sistema de coleta de esgoto segue os padrões do modelo separador absoluto. Isto significa que existem canais de captação diferentes para águas pluviais e esgoto sanitário.

"É importante destacarmos que 100% do esgoto coletado é tratado. Não temos nenhum ponto de coleta de esgoto que não seja tratado. Atualmente, poucas cidades possuem essa totalidade no tratamento de esgoto, em Campo Grande temos esse diferencial. Basicamente cada morador tem um sistema onde a água da chuva é separada do esgoto, em cada domicílio existe uma ligação que conecta a rede e então ele vai para uma estação de tratamento, atualmente temos duas na cidade", disse Reis.

Programa Sanear Morena - No ano de início do programa de saneamento básico, anunciado como o maior da história da cidade, em 2006, a média de internações era de 86,8 e cerca de 63.683 domicílios eram atendidos pelo programa. Atualmente, o Sanear Morena está em sua terceira etapa, com previsão de conclusão em 2025.

Nas duas primeiras fases (2006 a 2013), pelos dados oficiais, foram investidos R$ 255 milhões na implantação de 839 quilômetros de redes coletoras de esgoto, 67 mil ligações domiciliares e duas novas estações de tratamento de esgoto, a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Los Angeles e a ETE Imbirussu. 

Já na terceira fase, que se iniciou em 2014 e será concluída em 2025, serão investidos R$ 636 milhões em obras de esgoto, beneficiando cerca de 240 mil pessoas de 418 bairros. Serão implantados 2 mil quilômetros de redes coletoras, 45 quilômetros de interceptores, 12.600 ligações domiciliares, construção de uma nova estação de tratamento de esgoto e a ampliação das duas já feitas.

A Águas também implantou o CCO (Centro de Controle Operacional), que monitora à distância e em tempo real os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Campo Grande. Pela central é possível ligar e desligar bombas, acompanhar variações como pressão e vazão, além de garantir a segurança operacional e patrimonial.