Medida segue cumprimento de medidas adotadas pelo ministro do STF, Alexandre Moraes.

Promotor de Dourados quer que polícia aplique multas em carros estacionados perto de quartel
Promotor de Dourados quer que polícia aplique multas em carros estacionados perto de quartel Veículos terão que desobstruir pista em Dourados. / Foto: Marcos Morandi, Midiamax

Dois ofícios encaminhados nesta sexta-feira (11) pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) determina o cumprimento das medidas adotadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre Moraes.

Nos documentos enviados ao comandante da PM (Policia Militar) de Dourados, coronel Everson Antônio Rozeni e também ao comandante da PRM (Polícia Rodoviária Militar), Marcos Vinícius Poleti, o promotor João Linhares e Dourados, pede que sejam aplicadas multas aos proprietários de veículos estacionados na avenida Guaicurus.

Segundo o promotor, as medidas passam a contar deste sábado (12), para total desobstrução das vias próximas da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, onde estão ocorrendo manifestações consideradas pelo STF como inconstitucionais e ilegais.

No ofício o promotor ressalta que os manifestantes “estariam bloqueando as vias públicas e causando aglomeração de centenas de veículos e de pessoas, as quais estão cometendo, em tese, delitos de trânsitos e infrações administrativas, sobretudo estacionando veículos em locais proibidos e causando muitos transtornos na localidade”.

Linhares também determina aos comandantes que ‘sejam autuados os proprietários dos automóveis infratores e até mesmo guinchados os veículos que estão em desrespeito com o Código de Trânsito”. Entre as medidas também foram solicitadas “buscas pessoais – DESDE QUE HAJA FUNDADA SUSPEITA”, destaca o promotor.

Segundo ele “a imprensa tem noticiado que muitos infratores encontram-se armados e inclusive ameaçando os estudantes da UFGD e da UEMS que por ali transitam”, explica Linhares. Ele pondera ainda, “a requisição do Ministério Público tem, por força de lei, natureza de ordem e seu descumprimento pode ensejar responsabilização criminal, cível e administrativa”.

Orações e resistência
A reportagem do Midiamax esteve no local e ouviu que os manifestantes, que questionam o resultado das eleições estão dispostos a continuarem com orações e resistência no local.  “Nosso protesto é pacífico e não tem como objetivo a incitação à violência. Nossas armas são as nossas vozes”, diz uma produtora rural que estava no local acompanhada pelas três filhas.

No entendimento de outro manifestante que engrossava o protesto na noite desta sexta-feira (11), as vias não estão sendo obstruídas. “Ninguém aqui está cerceando o direito de ir vir das pessoas. Todos que estão aqui são pessoas de bem e quem apenas manifestar sua indignação. Todos estão agindo dentro do respeito”, comentou.

Apesar das medidas jurídicas que estão sendo adotadas, a ‘vigília cívica’, como os próprios manifestantes denominaram o protesto, que teve início no dia 2 de novembro, deve ter continuidade.

Neste sábado (12), a partir das 15 horas, está programada uma marcha que deve sair de um dos trevos que dá acesso à Ponta Porã (Posto Litrão) e deve seguir até a 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Os manifestantes desocuparam temporariamente o estacionamento do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) de Dourados. No local será realizado um encontro da Família Mattos, que já estava programado com antecedência.

Denúncias do MPF
Na última quinta-feira (10), conforme noticiou o Midiamax, o MPF (Ministério Público Federal) enviou à Justiça Federal três denúncias contra pessoas identificadas como incitadoras ou financiadoras das manifestações contra o resultado das eleições, que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o dia 31 de outubro, dia seguinte às votações, os manifestantes reivindicam a atuação das Forças Armadas por meio de uma intervenção federal, além de colocar em cheque a credibilidade das urnas eletrônicas e apoiar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

As denúncias do MPF têm como base o art. 286 do Código Penal, que consiste em "incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade" e são resultado de trabalho intenso da Polícia Federal para identificação das pessoas que, de algum modo, vêm subsidiando as manifestações.

Foram denunciados dois empresários, um do ramo de restaurantes e outro proprietário de loja de insumos agropecuários, além da pessoa responsável pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) de Dourados.

Alimentos e estrutura para as manifestações
Enquanto o proprietário do restaurante financia o movimento fornecendo alimentação a centenas de pessoas que encontram-se acampadas em frente à 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados e se manifestava nas redes sociais, o empresário do ramo agropecuário enviou todos os veículos de sua empresa - mais de 50 carretas - para a frente do mesmo quartel.

Já a responsável pelo CTG cedeu a estrutura do local, que está localizado próximo ao quartel, para fins logísticos e de manutenção do movimento. Para além do exercício da liberdade de expressão, os denunciados incentivam atos e que incitam as Forças Armadas a agirem contra o resultado das eleições legitimamente reconhecido como válidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Danos em dinheiro e bloqueio de redes sociais
O MPF pede que a Justiça condene os denunciados ao pagamento de danos morais coletivos nos valores de R$ 200 mil (dono de restaurante e responsável pelo CTG) e R$ 400 mil (dono de loja de insumos agropecuários). Pede ainda o bloqueio das contas do empresário do ramo de restaurantes no Instagram, visto que uma delas vem sendo utilizada com fins que ferem a lei.

O MPF ainda ressalta que continuará atuando no trabalho intenso de identificação dos responsáveis pelos referidos atos antidemocráticos, contando com o suporte investigativo da Polícia Federal.