Fórum, que ocorreu na Inglaterra, reuniu representantes de 63 países. Estudo desenvolvido em escola pública de Rubiataba consiste na ingestão de larvas de besouro como fonte de proteínas.

Projeto incentiva consumo de insetos na alimentação
Professor e estudante no stand, onde era realizado o fórum em Londres / Foto: Arquivo Pessoal/Matheus Silva

O professor Matheus Fernando da Silva, de 21 anos, e o estudante Gabriel Lemos Gomes, de 15, participaram de um fórum em Londres, na Inglaterra, para apresentar um projeto desenvolvido na Escola Estadual de Tempo Integral Levindo Borba, que fica em Rubiataba, a 220 Km de Goiânia. O estudo consiste na inserção de larvas de inseto como fonte de proteínas na alimentação. Essa foi a segunda vez que o trabalho foi exposto no exterior.

De acordo com o professor, o London International Youth Science Forum (LIYSF) fez um convite para que o projeto, intitulado "Avaliação da aceitabilidade cultural de uma forma alternativa alimentar com base em insetos", fosse apresentado em Londres. Isso ocorreu após a apresentação no estudo em uma feira de ciências na Costa Rica, que ocorreu em novembro de 2016.

Sendo assim, ao lado do estudante Gabriel e de um intérprete, o professor apresentou o projeto durante o evento, realizado de 23 de julho a 7 deste mês. "O nosso dia de apresentação foi 27 de julho. As palestras e os workshops eram todos os dias, variando os temas e horário. A programação era puxada, horários fixos e tolerância zero para atrasos", contou.
 

Criação dos besouros
 
Matheus diz que a ideia do projeto surgiu da necessidade de buscar novas fontes de consumo para a comunidade carente da região em que está situada o colégio. Ele consiste na criação de colônias com duas espécies de besouros, que geram larvas. E são elas que podem ser ingeridas na alimentação, no lugar de outras proteínas, como carnes, por exemplo.

“Um besouro coloca em torno de 500 a 1000 ovos que nascem essa larva. Nós temos quatro caixas, colocamos trigo, pão seco e batata. A manutenção desses insetos é constante, temos que ver se tem algum morto, verificar se tem alguma [larva] querendo fugir. Se isso acontecer, é porque o local está muito quente. Por isso, deixamos as caixas no escuro para evitar calor. Ficamos em alerta por uma possível invasão de mosca”, explica o professor.

O professor estima que cerca de 63% das pessoas aceitariam alternativas alimentares. “Nós fizemos um bolo de fubá com larvas, e os pais dos alunos ainda levaram para casa, porque acharam muito gostoso. Os meninos da escola também gostam bastante, eles mesmos que cuidam, tem até um criadouro”, disse Matheus.
 

Experiências no exterior
 
O professor e o estudante viajaram para Londres juntamente com o coordenador de área e intérprete da Língua Inglesa, José Carlos Moura de Gois. O pai do aluno, Luciano Gomes, arcou com as despesas para tirar documentação para a viagem. Já a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) arcou com as despesas de logísticas da viagem.

Ainda de acordo com o professor, o fórum foi uma grande experiência. “Já participei em 2014 do fórum internacional como aluno, e agora fui como professor. Nesta edição, o evento reuniu um total de 350 alunos que apresentavam desde um projeto de engenharia nuclear até pequenas experiências científicas”, contou Matheus Silva.

Ainda este ano eles vão integrar a delegação de cientistas brasileiros que participará da feira ‘Encuentro Internacional Ondas Yo Amo La Ciencia 2017’, de 28 a 30 de setembro, em Bogotá, na Colômbia. “No dia que eu estava arrumando as malas, recebemos uma carta para participar de uma feira na Colômbia”, disse o professor.