Sete jurados vão avaliar as acusações e decidir o destino dos cinco réus do crime, que ocorreu em janeiro de 2020.

Presos por matar família e carbonizar corpos vão hoje a júri popular
Anaflávia, filha do casal, e a ex-namorada Carina estão entre os cinco acusados por mortes. / Foto: REPRODUÇÃO RECORD TV

Os réus acusados da morte da família Gonçalves, encontrada carbonizada no ABC paulista no início de 2020, vão a júri popular nesta segunda-feira (21), a partir das 10h (horário de Brasília), em Santo André (SP).

Sete jurados vão avaliar as acusações e decidir o destino dos cinco réus do crime, que ocorreu em janeiro de 2020. Anaflávia Gonçalves, Carina Ramos e os outros três presos responderão por três crimes de homicídio  triplamente qualificado – meio cruel, motivo torpe e sem chance de defesa às vítimas –, três crimes de ocultação de cadáver, roubo circunstanciado e associação criminosa.

Junto da namorada Carina, Anaflávia foi acusada de planejar o crime contra a própria família: Romuyuki e Flaviana Gonçalves, seus pais, e o irmão, Juan Victor, de 15 anos.

Além delas, os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, primos de Carina, e Guilherme Ramos da Silva, vizinho de Juliano e Jonathan, são acusados de ter participado do crime contra a família Gonçalves.

O julgamento ocorrerá de forma presencial, mas somente com as pessoas essenciais ao caso. Devido às restrições sanitárias pela pandemia de Covid-19, não haverá abertura ao público.

O crime
O casal Romuyuki e Flaviana Gonçalves e o filho Juan Victor estavam em casa, em um condomínio no ABC paulista, quando os três assaltantes entraram na residência com o auxílio de Anaflávia Martins Gonçalves, filha do casal, e Carina Ramos de Abreu, sua namorada.

Segundo as investigações, como não acharam os R$ 85 mil que Carina e Anaflávia haviam avisado que encontrariam em um cofre, Juliano Oliveira Ramos Júnior, Jonathan Fagundes Ramos e Guilherme Ramos da Silva decidiram matar Romuyuki, Flaviana e Juan Victor, levando os pertences da família.

Os corpos das três vítimas foram encontrados na madrugada de 28 de janeiro, carbonizados dentro do carro da família, em uma estrada em São Bernardo do Campo.

A Polícia Civil prendeu Carina e Anaflávia preventivamente um dia depois, e, nas duas semanas seguintes, os outros três suspeitos também foram detidos. Após três meses, em maio, os cinco tornaram-se réus.

A filha do casal e sua ex-namorada alegam que não tinham intenção de matar a família, mas de roubá-la. No entanto, além do depoimento de um dos suspeitos, que contrariou essa versão, a Polícia Civil quebrou o sigilo das contas de ambas na internet e em aplicativos de mensagens e descobriu pesquisas relativas aos assassinatos.

Entre os termos pesquisados, os investigadores encontraram buscas como "seguro de vida cobre quais mortes", "seguro de vida por morte assassinato", "segurado de homicídio", que haviam sido feitas em 24 de dezembro de 2019, no mês anterior às mortes.

O júri foi marcado ao fim de julho passado, pelo juiz Lucas Tambor Bueno. Na decisão, o juiz ponderou que "a imputação de três crimes de homicídio multiqualificado, três crimes de ocultação de cadáver, roubo circunstanciado e associação criminosa é gravíssima e demonstra comportamento incompatível com o convívio em sociedade, não se admitindo a concessão de qualquer benefício liberatório a quem responde por tão graves condutas".

Menos de um mês depois, Carina Ramos decidiu quebrar o silêncio e, com exclusividade à Record TV, admitiu ter participado do planejamento do assalto, mas não das mortes. Carina disse, ainda, que foi sua ex-namorada, Anaflávia, que arquitetou o crime.

Após perder neto, filha e genro, Vera Lúcia pede justiça
Vera Lúcia Chagas Conceição perdeu Flaviana, sua filha, Juan Victor, seu neto, além de Romuyuki, seu genro. Em entrevista à Record TV, ela disse que quer a punição dos acusados pela morte de sua família, inclusive a punição da neta.

“Só vejo três caixões, do meu neto, meu genro e da minha filha, e eu prometi justiça, tô clamando por justiça. Dia 21 ela vai ser feita”, afirmou.

Vera perdeu, além das três vítimas de assassinato, o filho mais velho, irmão de Flaviana, que tirou a própria vida: “Destruiu minha família”.

Sem dinheiro para sair de Extrema, no sul de Minas Gerais, onde vive com o marido, e viajar a São Paulo para acompanhar o julgamento, ela contou com uma vaquinha para que pudesse estar em Santo André nesta segunda (21). “Tenho vergonha, não sei pedir”, disse.