A prefeitura de Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande, vai instaurar uma sindicância para apurar a viagem de quatro servidoras da educação municipal a Brasília, na semana passada. Após a viagem, organizada por federações de trabalhadores, as professoras divulgaram vídeo nas redes sociais afirmando terem sido “enganadas”, já que foram chamadas para manifestações em defesa da educação. Entretanto, quando chegaram à capital federal descobriram que se tratava de ato em defesa da presidente Dilma Rousseff (PT).

Ontem (5), o prefeito Léo Matos (PSD) se reuniu com as professoras Neusa Lima Rodrigues, Janaina Almeida Costa e Ivani Regina Rodrigues e com a servidora administrativa Nelzeli Lima Rodrigues.

Enganadas – Elas contaram ao prefeito que a caravana organizada pela Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) seria para debater o regime previdenciário dos profissionais de educação, mas quando chegaram a Brasília perceberam que se tratava de ato em contra o impeachment da presidente.

“Não sabíamos que era para fazer uma manifestação contra o impeachment. Independente se fosse a favor [do impedimento da presidente], também não iríamos se soubéssemos a verdade. Na educação não pregamos isso, vai contra a lei”, afirmou Janaina.

A professora Ivani Rodrigues disse que a sindicância é procedente, uma vez que a prefeitura teve prejuízo financeiro para a reposição de servidores no lugar dos que foram em Brasília. “Foram três dias de reposição com a convocação de professores para que os alunos não ficassem sem aula. Não foram apenas nós três, e sim vários professores”, afirmou Ivani.

Léo Matos disse não ser contra ou a favor dos atos sobre o impeachment da presidente Dilma, mas afirma que o município não pode ser penalizado financeiramente. “Em um momento que se fala em crise financeira nos deparamos com este tipo de atitude. Solidarizamo-nos com os professores que foram em Brasília, pois achavam que buscavam algo melhor para seu futuro, mas não foi isso que aconteceu”, reclamou o prefeito.

Em nota oficial divulgada em rede social, o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) de Naviraí disse que todos foram enganados. Segundo a entidade, o conselho de presidentes tinha sido informado, em Campo Grande, que seria um protesto sobre a previdência. “Como presidente do Simted, me sinto indignada com essa situação. Não se pode tomar partido. A luta é outra”, desabafou Roseli de Fátima Pereira.