Apenas um dia depois, ex-comandante com salário de 32 mil foi preso por extorsão.

PM arrocha escalas e diz que folgas favorecem

O CPM (Comando de Policiamento Metropolitano) da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) editou na última terça-feira (25) CI (Comunicação Interna) que extingue a jornada de trabalho em regime de escala 24x72 (jornada de 24h e descanso de 72h), aplicando o regime de 12x36 (jornada de 12h e descanso de 36h) aos militares que atuam em Campo Grande.

Conforme o documento a que o Jornal Midiamax teve acesso, assinado pelo Coronel André Henrique de Deus Macedo, comandante do CPM, a escala de 24x72  seria “mera liberalidade” e estaria em desacordo com a legislação, além de ser prejudicial à saúde, por aumentar “sobremaneira a possibilidade de tomada de decisões equivocadas em face do excesso de carga laboral”.

Entre as justificativas apresentadas no documento datado de 25 de maio de 2020, está a de que a escala de 24x72 favoreceria a ocorrência de “bicos”, ou seja, trabalhos paralelos de policiais, tais como segurança particular, que são vedados pela legislação. O documento também menciona que há vários casos de policiais militares envolvidos em crimes durante a folga e cita exemplos como contrabando e descaminho.

Arrocho nos praças
A medida não foi bem recebida pela categoria, que afirmou supresa na mudança de jornada. Ouvida pelo Jornal Midiamax, a Aspras-MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul) criticou a decisão, e citou malefícios, tais como o aumento de lacunas devido ao aumento de troca de turnos por dia, além de subir despesas dos PMs, que vão gastar mais com deslocamento e alimentação, por exemplo.

"A decisão foi tomada unilateralmente. A tropa e nem as entidades de classe foram consultadas. A justificativa de que melhora o rendimento não parece plausível, pois o regime de 24x72 é adotado há quase dez anos, e os índices de resposta da PM à sociedade são muito bons, a eficiência só tem subido em relação às apreensões, abordagens, prisões. Pensamos justamento o contrário: com menos tempo livre, a categoria terá menos tempo para se dedicar ao estudo, lazer, condicionamento físico e à família", pontua o cabo da PMMS Cláudio Benites da Silva, diretor de eventos da Aspra-MS.