Pesquisadores encontram anticorpos que neutralizam o vírus da zika em camundongos
Anticorpo Z23 ligado ao vírus da zika / Foto: Gao et al. , Science Translational Medicine

Um paciente que retornou de viagem à China após visitar a Venezuela serviu para que cientistas conseguissem isolar dois anticorpos com força para neutralizar o vírus da zika. A nova pesquisa foi publicada na revista “Science Translational Medicine”.

Qihui Wang, da Academia de Ciências de Pequim, se juntou a cientistas de outras universidades, incluindo Canadá e Reino Unido. A partir do sangue do viajante que havia sido infectado pelo vírus, eles isolaram 13 anticorpos e analisaram a reação em camundongos.

Dois desses anticorpos, o Z3L1 e o Z23, apresentaram uma forte eficiência no combate contra a infecção, sem reação cruzada com os sorotipos do vírus da dengue, eliminando o risco de favorecerem casos fortalecidos dessa outra doença, como acontece com a dengue hemorrágica, por exemplo.

De acordo com a pesquisa, estudos estruturais desses anticorpos indicaram que eles poderiam ser utilizados em futuras terapias e vacinas contra o vírus.

Zika no cérebro

No início desta semana, cientistas dos Estados Unidos encontraram evidências de que o vírus pode continuar a se replicar no cérebro de bebês até sete meses após a infecção da mãe. Eles mostraram que o zika pode continuar a agir mesmo após o nascimento dos bebês.

O estudo foi publicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão americano que acompanha e impulsiona pesquisas sobre o vírus. Foram testados tecidos de 52 pacientes. Destes, oito eram de crianças com microcefalia que morreram e 44 eram de mulheres suspeitas de terem sido infectadas pelo zika durante a gravidez.

O vírus da zika foi encontrado em todos os cérebros de bebês com microcefalia e em 24 das placentas de mulheres. O resultado sinaliza uma maior permanência do vírus em tecidos humanos.

Em 2016, o Brasil registrou 210.897 casos de zika, segundo divulgou o Ministério da Saúde. Identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015, ele atingiu mais severamente o Rio de Janeiro, onde 66.925 foram infectadas, seguido por Bahia, com 51.033 e Mato Grosso, com 22.090. A doença matou 6 pessoas.